segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Não se passa nada...

... e ao mesmo tempo, passa-se tudo na minha cabeça. Estou sem paciência para este final de ano. Não quero saber o que receberam no Natal, tão pouco partilhar o que recebi. Evito saber os planos dos outros para o reveillon. Não planeio o meu. Que venha mais um, mais 12 meses na minha vida.

Estou fechada para balanço... Inté!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Conto de Natal / Feliz 2009

Mulher com tosse e garganta inflamada: Boa noite, queria estes medicamentos... Diga-me uma coisa, estando eu no período de descanso da pílula, o antibiótico interfere na mesma?
Farmacêutica constipada: Eh, hmmm, bom, interfere na mesma, é melhor tomar precauções extras...
Mulher com tosse e garganta inflamada: Hmmm, ok... Então dê-me também duas embalagens de vaselina.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Espetem-me uma faca o mais fundo que puderem, que eu sinto o mesmo.

Tenho um segredo

Todos os dias, sou acometida por este receio.
"Se nos acontecer alguma coisa, o Bono fica sozinho."

Se não há filhos, há os cães. Certo?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Self-portrait

Sou.
Sonho.
Sofro.
Suo.
Sono.
Sei.
Sugo.
Somo.
Sinto.
Sedenta.
Segredo.
Salto.
Sossego.
Subtil.
Supero.
Suspiro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dear Antony,

I'm feeling strange these days.
It seems I don't belong here.
It seems I'm no longer needed.
No one likes me anymore.
There are no smiles, no laughs, no love.
I don't know...
I don't fit here anymore.
Not in this world.
So please, could you send me to Another World?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Só para não dizerem que eu tenho um problema com a música francesa, que tenho...

... tomem lá. Uma das minhas músicas preferidas de sempre.

Por falar em fotografias

Deu-me para rever os álbuns de fotografias destes 28 anos. Nostalgia, influência de amigos, qualquer coisa. Escusado será dizer que, apesar de ter como única companhia O Cão, foi a risada desenfreada lá em casa.
Passei por todas as fases. Em criança, andava sempre aprumada, com roupa confeccionada à medida e pela mãe, com a certeza de que mais ninguém tinha uma igual à minha. Vestidos de golas redondas, conjunto de saia e casaco, camisas bordadas. Um mimo!
Depois, a fase estranha da passagem do básico para a preparatória, quando dei em imitar as manas mais velhas. Isto quer dizer que usava laca no cabelo, a franja em poupa, chumaços na roupa e abusava da bijouteria.
A influência das amizades ditou os anos seguintes. Seguiu-se a fase punk, com cabelo muito, muito, muito curtinho e picos de gel, calças rasgadas, correntes, preto, muito preto.
A seguir, a onda surfo-beta, com calça pelo tornozelo, Keds, lenço ao pescoço, e, aos fins-de-semana na Ericeira, os típicos Redley, as sweats Billabong e Quicksilver.
O secundário foi uma cena mais radical. Porque queria ser rebelde mas andar cheiinha de marcas. Foi a fase cool e das marcas Uniform, Soviet, Chevignon, All Star, Levi's, que arrasavam os subsídios de férias e Natal lá de casa.
Por esta altura, devem estar a pensar que eu sofria de uma grave crise de identidade. Talvez.
De volta às fotos. Olhem para os tesourinhos que têm lá em casa. São tesouros, meus caros. Porque tirar uma foto implicava todo um ritual que roçava a solenidade. Hoje não. Tiram-se fotos ao desbarato, repetem-se poses, apagam-se quando não se gosta. No meu tempo, o que se tirava era o que ficava. E é por isso que, nos dias de hoje, gostamos mais do que vemos, Porque apagamos o que não gostamos e guardamos o que nos interessa.

Ide e diverti-vos!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cinema e TV Cines

Gosto de rever filmes. Mesmo aqueles de que não gostei muito. Ontem, revi o Juno. E gostei mais do que da primeira vez. Tinha menos sono, mais vontade de ouvir as músicas, de tentar decorar os diálogos, de reparar em todos os pormenores. Como, por exemplo, a barriga perfeita naqueles 40 quilos de corpo. O rabo de cavalo perfeito naquele ar desgrenhado. A primeira grande paixão de adolescente. A descoberta de que o feto já tem unhas. A prova de que a música pode unir duas pessoas de uma maneira que as outras desconhecem e não compreendem. As peúgas às riscas que ela não tira durante o parto. As palavras reconfortantes do pai, quando lhe diz que, um dia, ela voltará à maternidade. O sorriso dela quando vê, a primeira e única vez, a criança. O abraço escanzelado do suposto namorado.

Fiquei apaixonada. Outra vez. E chorei, pela primeira vez. Não queiram ser assim... Muito menos, queiram ir comigo ao cinema.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ensinamentos

Sempre que passo a ferro, lembro-me dos sábios conselhos da minha querida mãe.
- Um dia, quando passares a tua própria roupa, quero ver se compras estes tecidos de merda!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ode ao Belo

Gostava de conseguir encontrar as palavras certas para descrever o que senti ontem. Talvez comece por dizer que passei o tempo todo arrepiada. Sabem aquele arrepio na nuca? Sentem?
Gostava também que as pessoas percebessem do que estou a falar. Gostava que ouvissem isto e que, pelo menos, tentassem perceber do que falo. Lamento dizer-vos que não é para todos. Lamento o meu pedantismo ao afirmá-lo, por saber que nem todos lá chegam. Não lamento, porém, a minha vaidade em dizer que eu consigo, que eu chego lá, que eu estive lá, ontem, rendida ao Belo. Sou uma privilegiada. Sei-o. Porque presenciei uma manifestação suprema de beleza.
Sorri. Chorei. Soube esperar e ouvir. Enquanto uns ameaçavam explodir em aplausos, eu respirava fundo e preparava-me para o que ainda estava para vir. Não esperava por isto.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gaffe

Local: carruagem do Metro

Eu para senhora que penso estar grávida: "Sente-se aqui"
Senhora que penso estar grávida: "Obrigada mas... não é preciso..."
Eu para senhora que penso estar grávida: "Sente-se"
Senhora que penso estar grávida: "Mas eu não estou grávida!"
Eu com cara de parva: "Ahhh... peço desculpa..."
Senhora com barriga saliente: "De nada... Hmpf..."
Eu com cara de parva para senhora com barriga saliente: "Mas sente-se na mesma..."

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Pânico no wc

Preparo-me para mais um dia de trabalho. Animada, até, escolhi a roupa à primeira, consegui despachar-me sem atrasos. Enfim, o prenúncio de um dia bom. Preparo o anti-olheiras, o rímel, em frente ao espelho e... Winnnn winnnnn winnnnnn (música dos filmes de terror)!!! Horror!!! Tragédia!!!! Visão do Inferno!!! Rugas de expressão na testa e naquele pedaço de pele entre as sobrancelhas! Olho-me milimetricamente. Estico a pele, mas aqueles vincos permanecem. Porquê? Não quero (faço beicinho...). Ainda só tenho 28, pá. Isto acontece lá mais para os trinta e tal, não? Depois disto, posso esperar o quê? Pneu na barriga? Mãos engelhadas? Flacidez? Mamas descaídas?

Não quero. Pode ser?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sexo? Dispenso...

A frase não saiu da minha boca, nem me imagino a dizer tal coisa, por mil e uma razões que poderia aqui explicar, mas não vale a pena. Eh pá, não me apetece, não há necessidade de dizer que não me imagino a viver sem. Diante da realidade de existirem pessoas que vivem bem sem sexo, desde sempre, dei comigo a pensar... Não, não foi a pensar que eu também era capaz... foi mais do género: "esta gente não sabe o que é bom". Parece que, agora, a par dos homossexuais e dos bissexuais, surge uma nova tendência, os assexuais. Compreende-se, por este termo, pessoas que não têm relações sexuais, porque não querem e porque não sentem necessidade. Falta-lhes desejo, vontade, atracção, impulso... Dizem-se felizes assim, e dizem-se capazes de amar alguém e de viver uma relação. Sem sexo, claro está. Um modo de vida, portanto. Podem dizer o que quiserem, afinal, vivemos numa sociedade livre, a maioria das vezes. Mas isto para mim não faz sentido. Porque o sexo é, para além da consagração de um amor, a manifestação suprema dos instintos irracionais do ser humano.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Don't push it so hard...

Sou exigente. Exigo-me certas e determinadas coisas. Objectivos. Conquistas. Da mesma forma que sempre me exigiram algumas, e por isso, foram criadas expectativas sobre a minha pessoa. As quais sempre procurei atingir, e algumas, exceder. Parecendo que não, isto acaba por nos criar uma certa ansiedade em tudo o que fazemos e na pessoa em que nos tornamos. Não errar, chegar à perfeição, se impossível, ao melhor que se podia fazer.
Fui a única das três irmãs a seguir a faculdade. Fui também a única que nunca dei muitas chatices, tirando o facto de chegar a casa muitas vezes em estados alcoólicos gritantes, compensados por uma conduta geral, quase sempre, algumas vezes, irrepreensível, e por boas notas na escola. Também nunca tive de dizer aos pais: "Estou grávida", aos 18 aninhos... Enfim...
E hoje, apesar de ter uma conduta várias vezes reprovável, algumas, muitas, vá lá, continuo a colocar as expectativas lá no alto. As minhas próprias e as que os outros esperam de mim. Sinto-me bem com isso. Outras, porém, sinto que estou aquém... E não me sinto assim tão bem.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Para a Lili...

Amiga,
Companheira das brincadeiras,
Ombro onde encostei a minha cabeça.
Secaste as minhas lágrimas,
Ri e chorei, fiz o arco-íris.
Amo a tua boa disposição,
A tua meninice,
As tuas sardas na pele branca,
Os teus cabelos ruivos sobre os ombros,
A tua maquilhagem exageradamente brilhante
E que espalha purpurinas por todo o lado.
És como uma irmã mais nova que nunca tive,
És incansável.
Tenho saudades das tuas festinhas na cabeça
E de seres 10 cm mais alta que eu.
És um exemplo para as miúdas da tua idade.
Não quero que sofras por um qualquer,
Tão pouco que te dês ao que não é o Special One.
Um dia, vais ser a ruiva mais fotografada do mundo.

Para ti, dedico esta música.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Os meus concertos

The Raveonettes (Santiago Alquimista)
Caribou (Santiago Alquimista)
Patrick Watson (Aula Magna)
Nick Cave & The Bad Seeds (Coliseu de Lisboa)
Jose Gonzalez (Aula Magna)
The National (Aula Magna)
Magnetic Fields (Aula Magna)
Sean Riley & The Slow Riders (Aula Magna e Galeria Zé dos Bois)
Caetano Veloso (Ténis Real Santa Eulália)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Chamada de atenção

Fico sensibilizada com vídeos que metam animais... E este, tal como tantos outros, diz-nos respeito.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pequenos luxos

Ficamos mais velhas e por isso, mais exigentes. O que gostávamos há 10 anos não faz parte das nossas preferências actuais. Deixámos de fazer 50%, pelo menos, do que fazíamos. A nossa paciência reduziu-se para coisas verdadeiramente importantes. E sabemos distinguir, realmente, o que é e o que não é relevante. Sabemos distinguir o bom e o mau. Sabemos o que queremos. Nem sempre sabemos o que fazemos, é certo. Mas temos mais certezas e menos dúvidas. Aprendemos a apreciar as coisas da vida e habituamo-nos a elas. É fácil. Se tocamos umas calças El Caballo, dificilmente queremos voltar a vestir as normais. Se nos olhamos ao espelho com um vestido Chanel, não vamos querer vestir um daqueles da Zara. Se nos deleitamos com um restaurante no terraço do hotel, não vamos querer jantar depois no rés-do-chão. Se o nosso paladar prova um sorbet de limão feito com azoto líquido, dificilmente iremos voltar a comprar gelados Carte D'Or. Se aos nossos pés caem umas botas de cano alto D&G, tão depressa não vamos querer entrar numas Aldo.
São pequenos luxos a que poucos se podem contemplar. Mas eu sei que quem humildemente sabe descer um degrau, mais depressa sobe dois.

Get it?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Aqui há. Há, há!

Há um dom que distingue um cantor de um intérprete. O mesmo que diferencia aquele que canta palavras numa música e aquele que consegue dar música às palavras. Este é o que encanta e que causa arrepio só com a voz. A isto eu chamo "musicalidade". Perdoem-me os experts na matéria se estou a utilizar o termo errado. Podia exemplificar com vários cantores e encantadores. Vou variar um bocadinho. Ouçam e depois digam-me se perceberam o que eu quis dizer.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Post fofinho e ternurento!

Depois de passar várias horas a aspirar todo e qualquer vestígio de pêlo, começa a chover... E ele olha para mim como que a reclamar o lugar cativo na almofada, com um ar infeliz e olhos de carneiro mal morto...

Bolas, Bono!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Retalhos

Felizardo morava na Rua da Alegria, freguesia de Amar, com a sua Felicidade, com quem casou aos 20.
Na Quinta do Amor plantavam amores-perfeitos, os mais bonitos da região.
A filha, Pretty Happy, era a perfeição em criança.
O cão, Joy, corria pelos campos e todos os dias levava um amor-perfeito de Felizardo para Felicidade.

Um dia, Felicidade adoeceu. E sem ela, os amores-perfeitos murcharam.
Joy deixou de correr pelos campos e deitou-se à porta.
Pretty Happy entrou num estado de tristeza tal que empalideceu e deixou-se ficar na cama.
Felicidade morreu.
Happy morreu.
Joy deixou de comer e morreu.
Felizardo enterrou-os e com eles, deixou o seu coração.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

I think it's time...

... for us to move on. To look forward.
We live this life just once. It's time to enjoy it.
And if we have to fall, we get up.
No expectations, please. We are what we have right now.
And I think that's ok.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

When one thing get bad, all the others get worse

Não sei se já vos aconteceu sentirem-se sozinhos. Não é sozinhos no mundo, nem o estar sozinho por opção, ou estar sozinho por alguns dias. Não... É estar sozinho, naquele lugar, naquele momento, naquela circunstância, sem ninguém ali, àquela hora, daquela forma. É a solidão. Fecho-me em casa. Baixo os estores. Não respondo às sms nem às chamadas não atendidas. Ou mando sms para pessoas com quem não falo há algum tempo. E continuo sem falar. Vou até à net, que só serve para me afundar ainda mais no deserto. Se falarem comigo, tudo bem. Se não, tudo bem na mesma.
Não tenho ninguém para não me deixar chorar.
Não tenho ninguém que me leia o excerto de um livro.
Não tenho ninguém que declame um poema.
Não tenho ninguém que me tire fotografias.
Não tenho ninguém que dance comigo.
Não tenho ninguém que discuta comigo.
Não tenho ninguém em quem encostar a cabeça.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

À parte

Ontem, enquanto jogava aos países (vá, vão dizer que não sabem o que é ?), ocorreu-me à lembradura a minha primeira lição do curso de Relações Internacionais, na primeira aula da cadeira Teoria das Relações Internacionais.
Prof:"Sabem qual é o país mais pequeno do mundo?"
Nós: "Hmmm... Ahhhhh... Ehhhhhh... Hmmmm... Não..."
Prof: "É o Tuvalu. Mas nem sempre é visível. Quando a maré enche, desaparece do mapa."
Nós: "Uau!!"

Depois disto, tudo o resto que aprendi foram pormenores.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ando à descoberta

Num dia de calor com trânsito, com o rádio ligado na Radar 97.8 FM, distraída a pensar em mil e uma coisas, uma mão no volante e outra a segurar a cabeça apoiada na porta, oiço isto. Há já algum tempo que não ficava deslumbrada, arrepiada e surpreendida. E o que descobri a seguir foi muito bom!!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O regresso ao trabalho depois das férias é sempre complicado, ainda por cima, se for no mês de Agosto (este ano, atípico. Parece que ninguém foi de férias para lado nenhum. Há trânsito, dificuldade em estacionar, filas de gente em todo o lado). E se estivermos a passar por mudanças no trabalho, que implicam mudar mesmo tudo, tudo, mas ainda sem sabermos muito bem para quê. E se estivermos numa espécie de part-time intensivo (percebem? trabalhar menos horas por dia mas com muita coisa para fazer mas ainda sem saber muito bem como). E se chegarmos a casa e não tivermos ninguém à nossa espera (a não ser o fiel e sempre carente Bono). É estranho. Parece que ando a flutuar por aí, sem saber muito bem o que ando a fazer nem para quê. Regra geral, chegamos das férias com alguma pica para o trabalho, ainda que nos cansemos logo no primeiro dia e já só pensemos nas próximas férias. Mas é estranho... Ando assim-assim.
E depois, no meio deste marasmo, recebo um telefonema...
Do lado de lá - Boa tarde Dona A. G (dificuldade em pronunciar o nome). Daqui fala não sei quem do Citibank e estamos agora a transferir para a sua conta um montante entre 1000 e 6000 euros, com uma taxa de juro muito competitiva (é interrompida por mim)
Eu - Olhe, vá mas é transferir isso pró *******!!!!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Discovering Tapada de Mafra (com muito pó à mistura) - Um post com a colaboração de David Attenborough

Férias... Sol... Calor... Muita praia algarvia, muitos banhos de mar bem salgado (as pessoas acham estranho eu dizer que algumas praias têm o mar mais salgado que outras). A verdade é que me canso depressa das férias que toda a gente deseja. Ir à praia e ficar tão morena quanto nos for possível, cansa-me. Por isso, no regresso a casa e ainda de férias, decidi descansar e dar umas voltas caseiras. Rumo à Tapada de Mafra, a 10 km de casa mas tão longe da minha disponibilidade. Até ontem. Comboio com duas turmas de escola nas carruagens da frente, e eu cá atrás que é para não levar com aqueles gritos infantis. E como a maioria eram crianças, a tour foi feita a pensar nas crianças. Estão a ver? A guia falava muito devagar e com termos básicos (acho que escolares é melhor) para as crianças perceberem. "E agora, do lado esquerdo do comboio temos um grupo de gamos. Não, não são veados. São gaaaaaaaamoooooss! E ali no meio o que são? Isso, javalis liiiiiiiiisssstados. Listados para se poderem esconder no meio da vgetação". Boa, duas horas disto, pensei. Acabou por não ser muito mau. Pior eram o pó e os solavancos do comboio. Posso dizer que vi gamos, veados, javalis, sacarrabos e genetas. O lobo estava de luto. A companheira havia morrido em Março e os lobos, como animais fiéisque são, fazem lutos muito prolongados (I'm always learning... amazing). E as águias estavam escondidas.
Para lá da confusão escolar, uma menina, acompanhada pela tia, bem esperta e atenta, passou a viagem toda a perguntar, sempre que via um animal sozinho, "onde está a mãe dele?" Posso dizer-vos que vimos muitos animais sozinhos... Estão a imaginar quantas vezes a miúda fez aquela pergunta? É. E a mim perguntaram-me se eu também era assim. Não, achas? Eu era daquelas que perguntava incessantemente "porquê?"

É tão bom estar de férias, não era?

Ah! Já me esquecia. Êta, Caetano, cê manda bem. Grande concerto! Para compensar, claro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Era uma vez...

... Quatro rapazes de Manchester, aliás, de Salford, o que faz toda a diferença, que se acharam capazes de fazer melhor que os Sex Pistols, capazes de dar uma luz ao fundo do túnel a uma cidade escura, desfeita, suja, sem futuro, onde nada mais havia que fábricas e blocos de cimentos.
Ian Curtis, o vocalista, o génio, o espírito, o iluminado. O rapaz que só queria ser perfeito, que se transformava em palco, com uma dança frenética. "Parecia uma marioneta, como se aquilo fosse a expressão da sua fragilidade", disseram. Pensavam que estava drogado. Não. Era apenas a música a tomar-lhe conta do corpo e a levá-lo para outro mundo.
O rapaz que nos tempos livres lia livros sobre o sofrimento humano.
As primeiras fotos profissionais de Ian (e da banda) mostram um ar angelical e uns olhos translúcidos que deixam ver a mente brilhante do génio. Fez-se luz. Ele é o meu Euchrid Eucrow...
Joy Division, nome retirado do livro "House of Dolls, podia ter sido "A" banda dos anos 80. Não fosse a doença de Ian e a incessante busca da perfeição, que o levou a uma espiral de destruição interior por não conseguir (ou achar não conseguir), prosseguir com os Joy Division.
A segunda tentativa de suicídio teve sucesso. Os restantes três elementos da banda não lhe perdoaram. E formaram os New Order.

Para recordar, a genialidade de "Love Will Tear Us Apart" e o primeiro hit, "Dead Souls".

Tenho pena.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Tesourinho nada deprimente - Regresso aos 80's

Faço parte da colheita de 80, aquela que ainda não chegou aos 30 mas que já sofre alguns dos sintomas, bons e maus. Fica para um próximo post.
Mais nova de três, bebia as músicas e os ensinamentos das irmãs mais velhas como qualquer miúda que gosta de aprender. Foi assim que aos 5 anos, já dialogava em inglês e cantava várias músicas na mesma língua. Tinhamos um leitor/gravador de cassetes tipo tijolo, que colocávamos no quarto no volume máximo. E assim passávamos as tardes, a ouvir, cantar e dançar. E eu, como mais novinha, imitava as mais velhas. Por esta altura, devem estar a pensar: "e também cantavam a canção das três irmanzinhas?" Sim, cantávamos.
Isto tudo para falar da música e dos grupos que se ouviam nos anos 80. Lá em casa, ouvia-se muito Duran Duran, Eurythmics, Dire Straits, Bruce Springsteen, Depeche Mode, U2, Spandau Ballet, Wham, UB40, Boy George/Culture Club, Madonna, Erasure, Fine Young Cannibals, Billy Idol, Elton John, Simple Minds, Pink Floyd, The Cure,The Police,The Smiths, David Bowie, entre outros (o meu obrigada à minha mana mais velha pela ajuda na elaboração desta lista). Sim, na altura eu ouvia muita tralha. Muita mesma. Mas a idade traz consigo a capacidade de filtrar e de absorver coisas bem melhores. É outra das vantagens da caminhada para os 30...
Lembro-me, como se fosse hoje, do Top +, que dava na altura. Era, para as manas, um programinha familiar. E eu, como mais nova, ficava extasiada por fazer parte dele. Isto marcou-me, é o que vos digo. Ainda hoje me recordo do medo que sentia sempre que passava o hit do momento. Wild Boys, dos Duran Duran. Para uma miúda de 6/7 anos, era um verdadeiro filme de terror.
Hoje, considero um dos melhores vídeos de sempre da década.

E continuo a sentir um arrepiozinho...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Pérolas de uma agência de modelos - Parte II

Ah pois é! A saga continua neste post e noutros que hão-de vir. Deliciem-se!

À pergunta: "Quais os motivos que o/a levam a inscrever-se numa agência de modelos?", estas foram algumas das respostas, ipsis verbis...

" Gosto de ser avaliado por quem tem conhecimentos"

"Representar! Porque gosto de ser várias e diferentes pessoas ao mesmo tempo"

"Fascinação para subir na vida"

"Gosto pelo trabalho. Gosto deste trabalho. Gostaria de fazer este trabalho"

"Sempre gostei do mundo da moda e desde pequena que sempre gostei do mundo da moda"

"Gosto de conhecer pessoas novas e aprecio o seu trabalho"

"Conhecer mundos novos"

"Porque é um meio que eu gosto e é lá que me sinto bem"

"Poder trabalhar numa área que me desperte e ao mesmo tempo conciliar com os estudos e lifestyle"

"Gostaria de receber algum dinheiro e aparecer na televisão"

"O gosto de ser conhecido"

"As razões que me traz aqui é gostar"

"Não tenho medo de pisar um palco como já alguns virão na experiência família superstar"

"Adoro televisão, adoro tirar fotos e vaidade"

"Comédia"

"A minha inscrição deve-se ao facto de gostar de interacção com o público. O tipo de trabalho que gostaria de fazer era modelo, fotográfico e modeling"

"Problemas financeiros"

"Desde os 11 anos que a minha vida passa pelos trabalhos desta área. Trabalhei muito o meu corpo para chegar onde estou. E aqui estou, quero ser modelo"

"Quero abraçar esta área com unhas e dentes"

"É o sonho que tenho todas as noites"

sexta-feira, 27 de junho de 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Always listening to good music

Os meus ouvidinhos já não papam qualquer coisa. Ainda para mais, em vésperas do concerto de Magnetic Fields, que se avizinha com casa pouco cheia, talvez porque no mesmo dia actua o insuportável Jack Johnson e as suas pranchas de surf. Ainda melhor. Não vai ser um daqueles concertos esgotados e onde ouvimos tiradas do estilo: "Quem é este gajo?". Destaque ainda para o dia de hoje,em que os Sigur Rós lançam o novo álbum, completamente disponível para os ouvidos que sabem ouvir em http://www.sigurros.com

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Retratos de Barcelona IV



Retratos de Barcelona III



Retratos de Barcelona II



Retratos de Barcelona I



Desta vez...

... fomos a Barcelona não como dois turistas ávidos por descobrir a cidade, os seus monumentos, as marcas de Gaudí, mas sim como duas pessoas que regressam a uma cidade que os deixou impressionados, bem impressionados.
Regressámos a Barcelona quatro anos volvidos. E comprovámos porque dizem que quem lá vai uma vez, volta sempre uma segunda.
Desta vez, e como tinhamos muito tempo livre para relaxar e desfrutar da cidade como bem quisessemos, sem olhar para o roteiro, sem ficarmos em filas de espera para entrar nos pontos de interesse turístico, como La Pedrera, a Sagrada Família, o Palau Guell, o castelo de Montjuic, sem pressas, portanto, detivemo-nos nas pessoas. Na movida dos catalães. No melting pot que é aquela cidade. Paquistaneses, turcos, indianos, marroquinos, que se misturam com os catalães e com os turistas oriundos de várias origens: Canadá, States, França, Alemanha, China, Japão, Roménia, Itália, Portugal, Espanha... Sim, Espanha. Porque a Catalunha não é Espanha. Porque platja é bem diferente de playa, con é muito diferente de amb, creme catalan não é a mesma coisa que creme català e la ciudad é diferente de la ciutat. É esta diferença que faz com que a selecção espanhola não seja motivo de orgulho e euforia para os catalães. Só os turistas é que ligavam ao Euro e faziam o favor de encher os cafés. Nós incluídos.

II
As Ramblas e suas as ruelas e travessas parecem-se com um Martim Moniz a uma escala 20 ou 30 vezes superior. Naquelas ruelas e travessas abandona-se a confusão dos turistas e entra-se na essência da cidade, nos bairros, na vida das pessoas de lá. Não sei bem o que são. Catalães? Não, a maioria é imigrante. Nestes bairros da baixa, Raval e Ciutat Vella, há lojas, cafés, cabeleireiros, supermercados, restaurantes, pastelarias de e para a miscelânia de gente que ali se fixou. Apesar de ficarem longe das artérias principais, algumas destas ruelas dão acesso a alguns monumentos e, por isso, passeiam-se por lá turistas. Bem-vindos, aliás. Digo mais. Nestes bairros não se sente a segregação que se sente em Lisboa, em relação aos bairros da baixa. Aqueles fazem parte de Barcelona, da mesma forma que Barcelona não seria o que é sem aqueles.
Depois, há o L'Eixample, a Catalunya, a Plaza d'Espanya, o Passeig de Grácia, as zonas nobres, os Restelos lá do sítio, mas sem as prostitutas e as embaixadas.

III
Assim de repente, apetece-me dizer que Barcelona combina com "desenrasca".
São desenrascados nos transportes. Os bus estão articulados com o metro (8 linhas), que por sua vez está articulado com o comboio. Mesmo durante a noite, os táxis trabalham pouco. Tome-se este exemplo. À chegada ao aeroporto de Barcelona, podemos apanhar o comboio para o centro da cidade ou o autocarro que parte a cada 10 minutos. No sentido inverso, a mesma coisa. Onde é que em Lisboa se chega ao aeroporto ou ao centro sem ser de táxi ou de carro?
As lojas estão abertas até à meia-noite. Há um café, um restaurante, um supermercado, a cada 3 passos. Há um mercado aberto de segunda a sábado, até às 22h, 23h.
Há vida em Barcelona. Há vontade em aproveitar cada minuto do dia. Há, mesmo, um mundo inteiro em Barcelona.

Há, também, um custo de vida muito elevado, que faz com que umas mini-férias de quatro dias se transformem no equivalente a sete dias no Algarve.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Proposta de emprego

Procura-se homem/mulher com idade entre os 25/35anos, com muito bom aspecto, sem acne, sem cabelo oleoso, com as unhas arranjadas (basta cortadas e limpas), que saiba manter uma conversa de jeito de, pelo menos, cinco minutos, para apagar os spams que recebo de minuto a minuto no meu email. Se for mulher, que não use camisolas justas e calças de cintura descaída a mostrar as banhas. Se for homem, que não use meias brancas e jeans pelo tornozelo. Bom ambiente de trabalho.
Oferece-se recompensa aliciante: uns contantes "bom trabalho". Os mais aplicados podem até ter direito a um café durante o horário de trabalho. E, quem sabe, ter direito a almoço.
Candidaturas com foto para este blogue.

Agora que veio o Sol...

... Decidi constipar-me, de livre e espontânea vontade, só para não torrar e ficar moreninha.

Deixem, que até Barcelona isto melhora!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Banda sonora da A8

Sendo o meu carro uma verdadeira bomba que ultrapassa na boa e ganha um grande avanço esses BM's e Mercedes, e por isso, possível alvo de carjacking, decidi dotá-lo de um sistema de som à altura. Nada de sub-woofers, que isso é muito chunguinha. O meu carro tem classe, tal como a condutora. Assim, ofereceram-me a última novidade em tecnologia de ponta, qual rádio com leitor de cd's. A velhinha e sempre fiável cassete com um fio para colocar no sítio dos phones do mp3. E tcharan, ce la musique no Boss Turbo! Nada de enfiar e tirar o cd e das músicas saltarem ao buraco mais pequeno na estrada. Isto é muito mais à frente.
E lá venho eu, a ouvir o Rufus e a tentar acompanhá-lo até ficar quase sem fôlego. E fico sempre com o choro contido, uma lágrima a cair, vá, sempre que ele canta "I'm so tired of you, America".

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Crónica de uma morte não anunciada

Hoje, morri. Morri de mim. Estou de luto, com um vestido preto de seda comprido que me roça os pés descalços. A minha pele está sem cor, nem sequer está branca porque branco é cor. Tenho o cabelo apanhado em rabo de cavalo. Estou bonita, para quem acabou de morrer.
Vejo choros contidos, semblantes carregados. Estão tristes. As crianças estão quietas, olham para os pais com interrogação.
Eu também quero chorar, mas sequei por dentro. Quero estender a mão mas não consigo chegar a ninguém. Quero dar um passo mas prendem-se-me as pernas. Mordo os lábios com força mas não verte uma gota de sangue. Quero gritar mas a boca não se abre. Não consigo ouvir... Que música estará a ouvir?
Merda, nem um bilhete consegui escrever. Mesmo que o quisesse, agora, não vale a pena. Tão pouco conseguiria papel e caneta para escrever. Tão pouco teria forças.
Lembro-me de tudo, agora que tenho tempo. Vou passar o resto da minha morte atolada de recordações. Mas já não consigo senti-las. Já não te oiço. Movimentas os lábios mas eu não te percebo. Parece que as memórias me morrem.
Oiço o silêncio, porque também este tem o seu som. Está frio. Não os vejo nem sinto, mas devo ter os lábio roxos.
Antes de morrer, de deixar de te ver, ouvir, sentir e cheirar, ouvi esta música. Tão banal, mas era a que estava a passar na rádio. Não fiz de propósito.

Um dia, hei-de voltar. Para mim.


Dry your eyes. I'm only drunk.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Estórias do ginásio

Não costumo incomodar-me com os outros homens no ginásio. Sei que olham, comem com os olhos e algumas mulheres fazem por isso. Não me incomodam.
Mas hoje, foi diferente. As máquinas do step estão estrategicamente situadas de frente para a parede. Atrás, estão as bicicletas. Para quem conhece as máquinas de step, sabe que uma pessoa em cima delas fica com o rabo bem espetado. Uma bela visão para quem está a pedalar, portanto. Incomodou-me um bocadinho, só porque a fileira de bicicletas estava cheia de homens.
A mesma sensação sucedeu-se quando, de quatro em frente ao espelho e rabo espetado, elevo a perna para fazer exercícios e sinto uns olhos bem gordinhos a galarem-me o rabo.

É chato.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ser jovem

Fumam. Embebedam-se. São estúpidos. Ouvem música de merda. São mal-educados e mal-formados. São insolentes e convencidos. Vestem-se mal. Aliás, andam meio despidos. Não sabem nada da vida nem se preocupam em saber. Não querem aprender. Mandam mais sms num dia do que eu num mês. Não sabem escrever, muito menos sabem falar e sabem estar. Não têm conversas de jeito. Dizem asneiras ao desbarato. Pouco se importam se amanhã podem não ter peixe fresco para comer, desde que continue a existir McDonalds. Não lhes afecta o preço dos combustíveis. Não sabem quem é a Manuela Ferreira Leite (é a nova prof da escola?). Não sabem o que é não ter dinheiro. Não sabem onde fica o Tuvalu. Reformulando: nem sequer sabem o que é. Não conhecem o termo conversar. Falam alto e têm tiques irritantes. Os únicos concertos que conhecem é o Rock in Rio. Não sabem o que é ter amigos agarrados ao cavalo. As únicas drogas que conhecem são caldos Knorr e comprimidos esmagados em pó branco. Os cogumelos de que falam são "halogéneos". Nunca leram nem vão ler "E o Burro Viu o Anjo".

Posto isto, os jovens de hoje são uma farsa.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Afinal, parece que não evoluímos assim tanto

Da próxima vez que ouvir alguém dizer que a mulher já tem os mesmos direitos que o homem e que já se venceram grandes batalhas para conquistar a dita merecida igualdade de direitos, atiro-me à pancada. Não vou falar de filhos, do trabalho, das tarefas domésticas. Vou referir apenas o simples facto de uma mulher ser adjectivada de "maluca", "tarada", "leviana", entre outros do género, ser olhada de lado e alvo de comentários, por decidir expressar por escrito alguma criatividade que tenha em matéria de sexo. Mesmo que o decida fazer no seu próprio blogue. É quase a mesma coisa quando uma mulher afirma perante uma plateia feminina que gosta de levar no cu. Por momentos, senti-me a viver em plena época da censura, o que não me espanta, sinceramente. Basta pensar que temos a ASAE.
Eu pergunto: se fosse o blogue de um gajo, alguém queria saber?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Da Vida

Sabemos que estamos melhor agora do que há 10 anos, quando encontramos uma amiga que está com pior cara do que nós. E sabemos que somos alvo de inveja quando nos apercebemos que ela sabe disso e que nos come com os olhos.
Sabemos que nos tornámos mulheres quando alguém que nos conhece desde criança, diz, sem qualquer segunda intenção, que somos uma mulher bonita.
Sabemos que somos responsáveis pelo que ensinamos àquela criança quando, ao nosso gesto, ela nos lança os braços para vir ao nosso colo.
Sabemos que estamos fartos de pessoas quando damos por nós a desabafar com o cão, com uma cerveja numa mão e uns cajús na outra.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Quique Flores...


Acho que vou comprar um lugar cativo na Luz...


O Rei que reinava eternamente... até um dia

Ele gostava da borga diária. Sob pretextos misturados com mentiras, a necessidade de estar com os amigos era maior que qualquer imposição da condição de "união de facto". Ele gostava de beber, muito, de se embebedar, de perder o tino. Ele gostava de fumar ganzas, de tomar tudo o que houvesse para se abstrair da realidade, da triste, dele, de saber que em casa não teria mais se não uma solidão partilhada a dois. Ele gostava de chegar a casa tarde, no silêncio da noite e ligar a televisão num canal de sexo. Ele gostava de dormir pouco mais de 4 horas. Ele gostava de fazer sempre qualquer coisa. Qualquer coisa sem ela. Ele não era o tipo de homem de ficar enroscado no sofá a ver filmes, seja de noite ou numa daquelas tardes de chuva. Ele gostava de sair. Ele gostava de se mostrar aos outros. E às outras. Ele gostava de andar bem vestido e chateava-se sempre que ela não lhe vincava bem as mangas das camisas pretas e brancas, as únicas cores que usava. E ficavam-lhe bem. Ele gostava de ter o cabelo grisalho e olhar-se ao espelho. Ele gostava de realçar o verde acastanhado dos olhos com colírio.
Ela gostava de ficar em casa. Ela gostava de fumar o único cigarro do dia, depois de jantar, na varanda com vista para a via rápida, onde por baixo permanecia uma pequena horta dos velhotes lá do sítio. Ela gostava de sair de casa de manhã com o cabelo ainda molhado, mesmo que ele resmungasse com a sua falta de cuidado na aparência. Ela gostava de fazer a depilação de 15 em 15 dias. Ela gostava de chegar a casa e de não ter ninguém que lhe perguntasse "Então querida, como foi o teu dia?". Ela gostava de despir e vestir roupa em frente ao espelho, acreditando que tinha um corpo bonito. Ela gostava de se fotografar em poses artísticas e de, um dia, enviar-lhas por email. Mesmo que ele a desprezasse. Ela gostava que ele um dia chegasse a casa e lhe desse um beijo de boa noite. Ela gostava que ele lhe fizesse o jantar uma vez por outra. Ela gostava de ir no metro e de fixar os olhos no homem que estava sentado à frente, um homem, qualquer um. Ela gostava de se masturbar em frente ao espelho.
Um dia, ela fartou-se de lhe vincar as mangas das camisas que vinham sujas das noites. E ele... ficou sem reino onde reinar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mais um sinal

Depois da exclusão por idade de alguns anúncios de emprego, seguiu-se a irritabilidade constante (agravada, portanto) e a falta de paciência para aturar pessoas (igualmente agravada).
Agora, são as olheiras e papos nos olhos permanentes.

Será isto a chegada aos 30?

Questão de lógica

Eu não penso.
Logo não existo.

Penso eu...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Lição de geografia

A caminho de casa, quase à saída da A8 para Mafra/Malveira, vejo umas letras garrafais estilo Hollywood a dizer Charneca. Um pouco mais à frente, uma placa a indicar Almada. Sigo e vejo mais uma, Seixal. E se continuar pelas estradas regionais, encontro ainda mais uma... Bairro Alto.

Estou confusa...



quarta-feira, 14 de maio de 2008

Este nosso Mundo

1) Mais uma subida dos combustíveis, o que me leva a equacionar a hipótese de tirar o carro todos os dias da garagem e de fazer a visita àquela amiga que mora mais longe, ou de dar aquele passeio ao fim-de-semana.
2) Imagens que mostram a dimensão da estupidez humana numa peregrinação que juntou um milhão de pessoas para ver uma santa. Cotoveladas, pontapés, crianças atiradas ao molhe para tocar na santa, nem que fosse com a ponta do cabelo. Às vezes, a fé das pessoas não é mais do que uma manifestação de loucura.
3) Sócrates foi apanhado a fumar num avião. Chiiii, Ehhhhh, Ohhhhhh! Temos assunto de importância de Estado e vital para o desenvolvimento do país para a próxima semana, no mínimo. Isto se a Fátima Campos Ferreira não quiser debater isto no Prós & Contras.
4) Astronautas precisam-se. Eu vou. Onde é que assino?

terça-feira, 13 de maio de 2008

The National - Notes of a concert (agora que já estou mais calma e consigo expressar a histeria)

Muito nervosismo em palco, com vista para uma plateia cheia. Um violino influente. Uma voz personificada numa figura que povoa as mentes femininas. Calor humano que suava por todos os poros.

Eu... fiz os trabalhos de casa.

I
I've been draggin around from the end of you coat for two weeks
And now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain
Didn't anybody tell you how to gracefull disappear in a room
You get mistaken for strangers by your own friends
Another uninnocent elegant fall into the unmagnificient lives of adults

II
Baby, come over, I need entertaining
I had a stilted, pretending day
Lay me down and say something pretty
Lay me back down where I wanted to stay
Just say something perfect, something I can steal
Say, look at me
Baby, we'll be fine
I wanna hurry home to you
Put on a slow, dumb show for you and crack you up
This isn't working, you, my middlebrow fuck-up
My mind's not right
My mind's not right
My mind's not right

III
You're all humming live wires under your killing clothes
Get over here, I wanna kiss your skinny throat
You're a wasp nest
Sometimes you get up and bake a cake or something
Sometimes you stay in bed
Leave it all up in the air
Let them all have your neck
So worry not
All things are well
We'll be alright
We have our looks and perfume
Stay inside till somebody find us
I have your dreams and your teeth marks
And all my fingernails are painted
Break my arms around the one I love
And be forgiven by the time my lover comes
Turn the light out say goodnight
No thinking for a little while
Lets not try to figure out everything it wants
Whatever went away I'll get it over again, I'll get money, I'll get funny again
Walk away now and you're gonna start a war

IV
Falling out of touch with all my friends are something getting waisted
I wish that I believed in fate
I wish I didn't sleep so late
Let me come over I can waist your time, I'm bored
You just walked away and I just watched you
What could I say
How close am I to losing you?

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Night sessions

Facto n.º 1: adoro estar com o meu amigo Pedro. Adoro conversar com ele, ouvi-lo e, principalmente, adoro a boa disposição, as tiradas hilariantes que me fazem rir até me doerem os músculos, o equivalente a ter feito 100 abdominais.
Facto n.º 2: adoro a minha amiga Mártam. A capacidade de análise que ela consegue ter mesmo quando tem a vida de pernas para o ar.
Facto n .º 3: irrita-me quando quero muito ir a um concerto e ele está esgotado com pessoas que vão, não por gostarem e conhecerem, mas porque lhes disseram que aquilo estava na berra.
Facto n.º 4: Soulwax estava esgotado. E isso chateou-me. Quanto muito, teria que esperar pelas 3h para ver 2 Many Dj's.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Do Alentejo, com amor

De cada vez que vou à terra da mãe (Barbacena, Elvas, Alto Alentejo), é como se fizesse uma viagem no tempo. Recordações, objectos antigos, livros, fotografias, paisagens. De todas as vezes, a minha lenga lenga é sempre a mesma.
"Mãe, dá-me o rádio dos anos 40, rectangular, castanho, que ainda funciona."
"Mãe, dá-me o ferro em ferro, que funciona a carvão, pesado como tudo."
"Mãe, dá-me os pratos em latão com frutos para pendurar na minha cozinha."
"E dá-me também a cafeteira em latão."
A todos estes pedidos um redondo NÃO, que já foi mais convincente. Talvez daqui a uns anos ceda.
Abro os armários à procura de coisas, que já conheço de cor. Vasculho as loiças. Três canecas castanhas para cerveja calham-me na rifa.
Encontro uma caixa de madeira com fotos da juventude do meu avô. Alto, magro, cabelo sempre penteado, bem arranjado, um belo partido, ainda que com poucas posses. Fotos com a data escrita à mão e a memória do local.
Um pequeno livro do Ministério do Exército, "Rumo à Índia", Natal de 1956, composto e impresso pela Papelaria Fernandes, ocupa-me o resto da tarde. É um guia de missão para os soldados, com conselhos para a defesa da Bandeira, da terra e da unidade. Missão: "garantir, a todo o custo, a manutenção da nossa soberania em Goa, Damão e Dio." Isto promete...
Frases como "podemos dividir o seu clima em três estações: uma quente, uma menos quente e outra ainda menos quente", e "Em Damão, não chove tanto como em Goa, e em Dio, chove ainda menos", fazem-me ficar com aquela cara de parva.
"A embriaguez é o caminho directo para a desordem e a razão segura da quebra de prestígio. (...) Mais perigosos ainda são os produtos das destilatórias locais, conhecidos por fenim e sura. Se os beberdes, mesmo que em pequena quantidade, depressa ficareis perturbados e, se abusardes deles, arruinareis a vossa saúde."
Os conselhos continuam... "Não penseis em namorar uma moira (maometana); nada conseguireis e, se insistirdes, provocareis grande agravo e uma desordem de que saires mal, com prejuízo para tudo e para todos."

quarta-feira, 23 de abril de 2008

As coisas que eu sei

Uma gaja sabe que é VIP quando, ao ligar para a Radar, nos dizem assim: "Ah, já sei quem é".

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mr. Fucking Fascinating Nick Cave

Tenho uma admiração e fascínio pelo Nick Cave que roçam os meandros do exagero. Gosto de tudo. Da sensualidade em palco, do corpo magro, das calças justas nas pernas e à boca de sino, dos sapatos bicudos, da camisa justa desabotoada, do fio ao pescoço, do cachucho na mão direita, dos gestos com as mãos, do bigode, do cabelo escorrido e para trás da orelha, do movimento de ancas e pernas. Da voz, sobretudo, da voz. Grave. Dito assim, parece que estou a falar de um chulo qualquer. Até pode ser. O Nick Cave tem ar disso. Mas tem também muito estilo em cima. Para alguns, é uma figurinha, com todo o sentido depreciativo que isto comporta. Para mim, é arrebatador.
Gosto do que as músicas dele me dão. Ontem, deram-me muita coisa. Principalmente, em que pensar. É o que eu gosto nos concertos. A música ao vivo dá-me que pensar. E a do Nick Cave, mais ainda.
Vi-o chegar de carro, com o seu look impecável. Do camarote, vi um coliseu cheio. E um Nick Cave por inteiro. Uns queriam o Nick Cave das baladas, outros o Nick Cave das músicas pesadas. Tiveram os dois. Como ele próprio disse, ouvem "a loud or a soft song. We can´t do anything between".
"Into my arms" foi a que mais me chegou aos olhos. E a que ouvi na rádio a caminho de casa. Do meu lado direito, parado nos semáforos, um rapaz de Beetle trauteava a mesma canção que eu.
Dois encores. Muito à vontade em palco, pesem também os anos de rodagem. Talvez regresse. Para mim, faltou uma. A minha. Porque todos nós temos uma canção que tomamos como nossa. "Babe, you turn me on".

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Temo que estes momentos de insanidade se repitam frequentemente II - Eu avisei...

E se, de repente, alguém nos diz que vivemos numa ilusão? Que o que tomamos como certo é, na verdade, uma grande incerteza?
E se, de repente, alguém nos faz questionar tudo, até a cor do verniz com que pintamos as unhas dos pés?
E se alguém nos diz que, mais dia menos dia, vamos ter que decidir? E que essa decisão vai ser a desilusão de outro? (decidir o quê?)
Até que ponto sabemos que somos amadas e que amamos um outro? Amar é chegar a casa e ter o jantar feito? É abrir a porta de casa e sentirmo-nos feliz por não estamos sozinhas?
É ter saudades? É ter prazer quando fazemos amor? Ou ficarmos completamente KO, de todas as vezes que o fazemos?
É sentir ciúme ou ter plena confiança?
É seguirmos em frente sem medo de cair porque sabemos que seremos amparadas?
O que é? (a terceira cerveja começa a falar...)
É sentirmo-nos completas? É olhar para um futuro longínquo e não nos imaginarmos com mais ninguém?
É gostar? É cuidar? É acarinhar?
É termos um porto de abrigo para onde vamos sempre que ficamos sem chão?

E agora, para descontrair, uma e outra coisa.

I think I need rehab, too.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Temo que estes momentos de insanidade se repitam frequentemente

Sozinha em casa, com o Bono refastelado na almofada que tomou de assalto, qual poltrona, enquanto o vento sopra forte lá fora, dou por mim a pensar em coisas tão estúpidas como estas:
- Por que é que não guardei os All Stars amarelos que calçava aos 15 anos?
- Por que é que as mães ficam com cara de mães?
- Por que é que a comida indiana me faz mal? E por que é que eu insisto em comê-la?
- Por que é que uma só imperial me faz ir quatro vezes à casa-de-banho?
- Por que é que os gajos que cantam realmente bem e têm vozes orgásmicas, ou são gays ou são feios?
- Por que é que eu insisto em guardar roupa que sei que nunca mais vou vestir?
- Por que é que as mulheres não recebem forwards de links do youporn?
Ah... descobri que há algo de sensual no ritual de um homem fazer o próprio cigarro.


Gosto...

... deste silêncio. Pena que os telefones o interrompam!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Shame on you

Eis que, à primeira nesga de sol, as moçoilas largam as botifarras (eu sei que já escrevi sobre isto. Se não se lembram, não faz mal) e vão à pressa comprar umas sandálias para calçar no dia seguinte. Esquecem-se, porém, de um pequeno grande pormenor. Pelo menos, cortem as unhas. É o mínimo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O caso do telemóvel / Dá-me o telemóvel JÁ / O caso Carolina Michaelis

Chamem-lhe o que quiserem. Eu estou cansada de ainda ouvir falar neste episódio e de ver o vídeo. De repente, o país ficou em choque com tamanha audácia da aluna que enfrentou a professora. Já não há respeito. É verdade. Foi indecente a atitude da aluna e da própria professora. É verdade. Se eu fosse a professora, e se soubesse que estava a ser filmada, nunca, em tempo algum, andava à roda feita parva. Mas também é verdade que estes casos de abuso não são de agora. Lembro-me que no meu tempo, havia sempre um espertinho na turma que enfrentava o/a professor/a, fisica e psicologicamente. Lembro-me, por exemplo, de um aluno armado em esperto com cara de santo "não fui eu", encher a bola de futebol com pedras e chamar o Terry, um professor novo com pêlo na venta e ar de maluco, para dar um chuto. Lembro-me que a expressão do Terry passou de alegria por os alunos terem sido porreiros com ele, para uma expressão de dor contida. O típico gozar é também, uma espécie de violência. Outro exemplo. Na minha turma, um dos alunos mais velhos, já com algum andamento e por quem eu tinha fascínio especial e ele por mim também, mais como se ele fosse o meu irmão mais velho que me protegia lá na escola, atirou uma cadeira à professora de inglês. Foi para a rua? Sim, mas porque ele próprio saiu sem ela ter tempo de fazer nada. Lembro-me ainda da discussão das notas no final do ano com a professora de Técnicas de Tradução de Inglês. As aulas já eram a rebaldaria, quanto mais a avaliação. Resultado: carro da prof com pneus furados.
Na altura, ninguém ficava escandalizado nem faziam notícia destes episódios durante 15 dias seguidos. Tão pouco os alunos eram levados a julgamento.
Outros tempos!

segunda-feira, 31 de março de 2008

quinta-feira, 27 de março de 2008

Oncinha!!!

Por mais modas que passem, não consigo perceber como é que o padrão leopardo, vulgarizado "tigress", continua, estação após estação, a estar nos fashion-hits. Aquilo é poluição visual!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Velha infância

Gosto de ler o Expresso ou qualquer outro objecto de leitura ao domingo de manhã, até passar da hora de almoço, sentada na cadeira com o sol a bater de chapa na cara. Não fosse o vento e este teria sido O momento do meu fim-de-semana pascal. Fiz uma pausa na leitura e debrucei-me no muro a contemplar (sim, a contemplar) o quintal hortícola do vizinho do lado. Por entre aquelas hortaliças já um bocado amareladas, houve uma coisa que me chamou a atenção. Brilhozinho nos olhos... AZEDAS!!!! Voltei 18 anos no tempo, àquelas tardes de verão e aos fins-de-semana de sol passados no Maria Lamas, o parque. Tardes em que andava com a minha bicicleta amarela, muito diferente das bicicletas de menina com cestinho à frente que as minhas amigas tinham. Não. Eu gostava era de andar com os rapazes, porque eram mais divertidos. Destas companhias resultaram muitos joelhos esfolados, cotovelos em sangue das manobras de skate, biqueira dos ténis desgastada de jogar à bola. Era uma espécie de Maria Rapaz que queria fazer tudo o que os rapazes faziam. De tal forma que ainda hoje tenho a marca nos joelhos de um salto mortal que tentei imitar. Correu mal. Era suposto suportar a queda com os pés mas aqui a Espalha esqueceu-se desse pormenor e caiu de joelhos na gravilha. Lá ia eu, a conter as lágrimas até chegar a casa, mostrava à minha mãe e era um choradeira seguida, desde o sermão "O que é que andaste a fazer?" até ao ardor da água oxigenada. Esta aventura marcou-me a pele.
Outras tardes incluíam apanhar azedas no terreno do lar das antigas meninas de Odivelas. Não que fossem mais saborosas que as outras, talvez lhes faltasse a urina dos cães. Mas davam mais luta. Tinhamos de entrar para dentro de um pequeno varandim em pedra, saltar para o chão, a uma distância ainda considerável, apanhar o máximo de azedas que as nossas mãos e bolsos podiam carregar, correr o mais depressa possível para as velhotas não darem o alarme e voltar a subir ao varandim, com a ajuda dos amigos. Havia sempre alguém que ficava, literalmente, pendurado, à mercê das velhotas, enquanto os outros se deliciavam com as azedas, à sombra da árvore. Belos tempos, hein?
Tudo isto passou pela minha cabeça em segundos. E deu-me uma vontade tremenda de comer azedas. Do vizinho, claro. Desta vez, não tive de saltar nenhum muro nem entrar num varandim. Foi muito mais fácil. Menos luta, portanto. Ainda assim, as azedas ceifadas ao vizinho continuam a ser as mais saborosas de todas.

quinta-feira, 20 de março de 2008

À Bruta

Falo.
Ninguém me ouve.
Ouço.
Mas ninguém me entende.
Preciso deles.
Não querem saber.
Grito. Esfolo. Esmurro.
Fogem. Esquecem-se de mim.
Corro. Levo tudo à frente.
Chove. A vida é triste.
Quero mais.
Ira. Luxúria. Preguiça.
Preto. Tudo preto com pinceladas de prata.
Lua cheia.
Uivo. Choro. Sorrio.
Amo-o.
Odeio-os. A todos os outros. Todos.
Ela passa-me pelas mãos como areia. A vida. Minha.
E se um dia eu não travar?

NO PHOTO!

terça-feira, 18 de março de 2008

Hello, baby!

Há pequenas coisas neste mundo que me causam uma sensação quase orgásmica, que me fazem soltar um prolongado "ahhhhhh" e sorrir de orelha a orelha. Coisas simples. Como o facto de conseguir vestir as mesmas calças ao fim de 10 anos. Ahhhhhhhhhh!

domingo, 16 de março de 2008

Amanhã, é segunda-feira

O fim-de-semana até pode ter corrido mais ou menos. Sem chuva, sol, calorzinho, o Bono não fez estragos no jardim, aniversário da mamãe e da Kitty (atenção, isto não é nenhuma alusão à gata mais irritante do planeta), pequena reunião familiar, uma visita rápida a uns amigos. No entanto, basta uma simples afirmação como esta para nos arruinar o resto do dia, da semana, dos meses, dos anos seguintes. "Estás mais gordinha" e o mundo cai-nos em cima da cabeça, logo seguida de uma nada apaziguadora "mas fica-te bem, estás com um ar mais saudável". P*** que os pariu!! Caguem um pé!!! Que vos apareçam furúnculos na ponta da p*** e na borda da c***. Chiça!!


sexta-feira, 14 de março de 2008

Always the piano...

Patrick Watson. Aula Magna. Muito bom. Lavou-me a alma.
Conseguem imaginar este senhor a tocar piano desta maneira? Se não o tivesse visto e ouvido ao vivo, não daria nada por ele. Cá fora, ainda houve tempo para um: "Hi Patrick. Can you give an autograph? Thanks. It was a great concert. I mean it!"



I do want a luscious life too.
First, I'll have my great escape and get away from the storm.
And some day, I'll be close to paradise. It will be just me, the fish and the sea.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Bastards!!!!!

Agora que consegui recuperar do choque, posso escrever sobre o assunto. Não, não vai ser um post sobre o concerto de Caribou, ontem. Bom para quem tem ouvidinhos sensíveis e gosta de "sound makers" e não apenas de "song writers". Grandes duetos nas baterias (2), pena que estas abafassem as guitarras, o baixo, e a voz delicada de Daniel Snaith. Problema do Santiago Alquimista, não de Caribou.
Voltando ao início...
O Vaticano decidiu abanar as coisas e adicionou seis aos sete pecados mortais originais. Quando li a lista, primeiro ri até me doer a ponta do dedo grande do pé. Depois fiquei com uma paralesia facial, tal a minha ausência de expressão. E depois, fiquei fula da vida com aqueles cabrões. Acho até que me cresceu um cabelo branco nesse preciso momento.
Analisemos (gosto de usar a primeira pessoa do plural para criar uma relação mais íntima convosco, meus dados e acarinhados leitores), portanto, a dita cuja:
- Pedofilia: AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH. Sendo este um pecado mortal, temo que a Igreja Católica fique sem 73,6% dos padres, bispos e arcebispos. Os restantes 26,4% são mais espertos e comem as freiras.
- Aborto: A velha questão. Condenemos à morte todas as mulheres que o pratiquem. Louvemos as que têm filhos e os abandonam no mato à morte, as que têm filhos que com dois anos de vida são entregues a assistentes sociais por maus tratos, e as que os matam de porrada já fora da barriga. Alguém me explica a diferença? É que eu não consigo perceber. MESMO.
- Manipulação genética: clonagem e afins. Eu cá até acho que este Papa já encomendou um clone dele.
- Tráfico de droga: caríssimos, se fumassem uma ganza de vez em quando ou dessem uns risquinhos de branca, tenho a certeza que ficariam muito mais perto do Senhor.
- Riqueza desmesurada: a todos os que já ganharam o primeiro prémio do Euromilhões, os meus pêsames... Estão todos condenados.
- Poluição ambiental: a vossa corja com essas batinas é um verdadeiro atentado ao ambiente e à poluição visual.
Eu, que já me tinha assumido como seguidora dos sete pecados mortais, vou continuar com mais um ou outro destes novos.


terça-feira, 11 de março de 2008

Uwáti???

- Quem é esse Tiago Alpinista que está sempre com músicos?
- Quem?
- Esse nome que eles dizem na rádio...
- Ah... Wiwi, é Santiago Alquimista e não é uma pessoa, é um local onde se realizam os concertos.
- Aqueles onde tu vais à borla?
- Yep!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Isto há coisas...

... que me fazem uma certa espécie. Como ter a tal pedrinha no sapato ou sentir que a tanguinha não está no sítio certo.
- Por que é que os funcionários públicos têm panca por carimbos? Já repararam que eles carimbam os documentos com tal convicção, que as mesas e balcões até abanam? E esboçam um sorrisinho do estilo: "toma lá que já levaste com ele!
- O que é que leva uma senhora a escolher como leitura no metro o Manual de Instruções de um frigorífico?
- Eu sei que alguns homens acham abichanado usar bolsas, mas eu prefiro isso a ver aqueles inchaços nos bolsos da frente (carteira, telemóvel e chaves)... É que não os favorece!


domingo, 9 de março de 2008

Please... could someone kill Hello Kitty?

É que já não há pachorra! Automóveis, torradeiras, sofás, puffs, telemóveis, colecção de roupa, biquinis, malas, sapatos, lingerie, ganchos, canetas, blocos... É uma lista sem fim, todas as gajas usam ou têm qualquer coisa da Hello Kitty. Nunca tive nem vou ter. ENJOEI!!!!!

Só uma nota: deve ser hiper-mega-ri-sexy para um gajo ver a mulher (ou uma mulher) com lingerie da gatinha. Ui!


quinta-feira, 6 de março de 2008

Estou velha!

Ia mesmo agora escrever um post sobre uma coisa qualquer e de repente... Puff!!! Isto deve ser sintoma de alguma coisa, não?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Calma aí com a histeria!!!

As novas coqueluches da música cool vêm a Portugal no dia 26 de Março, Aula Magna. Chamam-se Shout Out Louds e foram catapultados para a categoria "está na moda ouvir e eles são muita bons, mesmo que eu nunca tenha ouvido nada destes gajos", pela Optimus. Aliás, várias bandas conheceram sucesso através dos advertisings (podia dizer em português, mas apetece-me ser fancy) da Optimus e da Vodafone. Block Party e Peter, Björn and John são os que me vêm rapidamente à cabeça. Eu só digo isto. Antes de "Tonight I Have to Leave It", os Shout Out Louds têm mais umas coisinhas que convém ouvir... Isto é só uma amostra.

Vá, mais uma.

São bons, mas não são aquilo tudo. Mas são bons. E ouvem-se bem.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Juno

Foi o meu filme de sábado à noite. O argumento é leve, ideal para descontrair ao fim-de-semana. O que se pretendia, portanto. A novata, que ganhou a estatueta para Melhor Argumento Original, conseguiu a proeza de transformar a gravidez de uma adolescente numa espécie de comédia. Uma odisseia acompanhada de uma banda sonora inspiradora. O argumento em si não é nada de extraordinário, mas ganha com o desempenho de Ellen Page, no papel de Juno, grávida aos 16 anos, e do freak lá da escola, Paul Bleeker, de fraca figura, por quem ela se apaixona. Já para não falar do pai de Juno, um pai com um sentido de humor que todos gostaríamos de ter. Poderia ser uma história comum, não fosse a ideia de dar a criança para adopção a um casal escolhido a dedo. Um pequeno reparo. Jovens deste Portugal, não fiquem com ideias de seguir este exemplo. Mais depressa têm a criança (ou não) do que alguém a adopta.
Descontraída, Juno encontra no futuro pai adoptivo (que afinal não vai ser) uma espécie de "guru" da música, com quem partilha uma série de afinidades musicais e descobre outras tantas. Pensei até que se apaixonassem. Afinal, que melhor motivo para uma paixão se não a própria paixão partilhada pela música? Não se concretizou. Ainda bem, seria demasiado previsível. Assim como seria previsível se Juno decidisse ficar com a criança.
Quero eu com isto dizer que Juno vale a pena ver, aliás, ouvir, pela BSO, com nomes como The Velvet Underground, Cat Power, Belle & Sebastian, e a própria Ellen Page e o seu Paul Bleeker (não me lembro do nome do rapaz e agora não me apetece interromper a escrita para pesquisar na net).
Vale também a pena por estas "tiradas" magníficas (não transcritas tal e qual mas muito parecidas com o original):
- Porque é que perguntam se somos sexualmente activa? Isso quer dizer o quê? Que depois carregam num botão para nos desactivarmos?
- A pessoa que amas vai achar que tudo em ti é bonito. Até achar que tudo o que sai do teu cu é um raio de Sol a brilhar.

Indústria farmacêutica+médicos= Seita do caraças!!!!

O ritual é simples. Dói-me a cabeça. Comprimido cor-de-rosa não sei quantos. Não passa. Tomo mais um. Dói-me o estômago, porque abusei na dose dos comprimidos. Tomo um branco pequenino não sei das quantas. À noite, e para conseguir alienar-me de uma série de coisas e tentar dormir uma noite descansada (o que é raro), tomo mais um, cor-de-rosa claro, não sei quantos.
Bom, isto não é sistema. Penso. Vou ao médico para tentar resolver isto. Talvez me possa dar um comprimido 1000 em 1, que me resolva tudo de uma só vez.
Médico: E que tal fazer uma profilaxia (o que quer dizer, tomar durante 6 meses, quiça, eternamente, um comprimido só para as enxaquecas)?
Eu: Pode ser.
Médico: E mais um para dormir bem, essencial no seu estado.
Eu: Ok...
Médico: No seu caso, não vejo problema mas é capaz de engordar mais dois quilos.
Eu: O quê? Não quero.
Médico: Tem de ser.
Eu: Não quero.
Médico: Mas tem de ser.
Eu: Ok. Deixo de comer, então (simples...). Comprimidos e água. Sim, que o tempo do "a pão e água" já deixou de ser expressão de pobreza, ao preço que o pão está!
Médico: Faça isto durante 6 meses e depois volte. Vai ver que melhora.

Sinto-me defraudada. Em vez de 3472358 comprimidos diferentes, vou tomar dois até ao fim dos meus dias. É a mesma coisa, mas mantenho-me fiel àqueles dois. Fiel até à morte!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

News - Agenda

Eu podia alimentar este blogue só com coisas deste género. Mas estes dois eu tenho de publicar:
22 de Julho - Kings of Convenience, Casa da Música, Porto
27 de Julho - Beirut, local a designar

Que belos presentes de aniversário!!!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Momento Musical da semana

Para quem já se esqueceu desta, aqui fica um update dos The Frames. Um cheirinho da banda sonora de "Once"... How often do you find the right person? Vale a pena visitar o site oficial.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Carta em envelope roxo, tal como a fita que segura a chave do teu caixão

Foi um fim-de-semana cinzento, chato, monótono, melancólico, nostálgico. Damien Rice, "q", para condizer. O concerto dos Spoon foi um lusco-fusco de algum ânimo, depois, tudo na mesma.
Deitada no meu (novo) sofá, enrolada na manta, pensava em ti, avô, e nas saudades que tenho tuas. Lembro-me que não gostava quando a mãe dizia: "Este fim-de-semana vamos ver o avô." Tinha medo daquela casa. E continuo a ter, de uma outra forma, por sentir que falta ali a tua alma. Na altura, e por mais que a mãe insistisse, não querias água canalizada. "Para quê? Eu tomo banho ali no quintal, com água fria para ficar sempre rijo." Sempre o foste. O meu avô era o típico homem que gostava de beber a sua pinga, com moderação, de cantar o fado (e que bem ele cantava), de andar sempre bem arranjado e penteado, e de ter a esposa a cuidar da casa. Depois que ela se foi, desleixou-se. Com ele e com a casa. Do que eu mais gostava naquela casa era da barbearia. O avô Laranjo era o único barbeiro da aldeia. Ao sábado de manhã, logo às 8h, já tinha clientela. Adorava vê-lo a manejar a navalha (sem o sangue de Sweeney Todd...), conversar sobre a filha da ti Jaquina que tinha ido a Badajoz, fazer aquilo que toda a gente sabia e condenava. Uma pouca vergonha. Ou do João da Conceição, um malandro de tão preguiçoso que era, não trabalhava e só queria era copos e putas. Isto tudo, claro, ao som dos fados da Amália. Quando os clientes saíam, eu saltava para a cadeira de barbeiro e rodava, rodava, rodava... "Cuidado, gaiata, qualquer dia dás-me cabo das pernas, a mim ou a alguém que aqui passe." Era uma cadeira daquelas típicas de barbeiro, como poucos ainda têm, com o apoio dos pés em aço. Mortífero para quem ali passasse no preciso momento em que eu a girava. Gaiata, era assim que ele me tratava. Era tão bom ouvi-lo.
A mãe obrigava-me a ir com o avô ao café e às tascas, fazer-lhe companhia, passear com ele. Eu não gostava. Ele bebia um copo traçado (só mais tarde soube o que era aquilo) e conversa aqui e ali, já estava a cantar o fado. Cantava tão bem!! Eu escondia-me, para ver se ninguém reparava em mim... Só agora percebo o quanto eu ficava fascinada com o meu avô. Na altura, não sabia que poderia ficar sem ele. Mas fiquei. De um momento para o outro. Uma queda estúpida acamou-o, definhando-lhe o corpo numa cama de hospital. Ficou irreconhecível.
Aquela casa sem ele não faz sentido. Nem o banco do jardim. Nem a cadeira de barbeiro que, entretanto e sem eu saber, a minha mãe vendeu.

Tenho saudades...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

You want the candy

E tivemos. Por pouco, ficávamos todos agarrados ao pau, do chupa-chupa, claro. Sharin Foo entrou e explicou que o companheiro, Sune Rose Wagner, estava sem voz e, por isso, não conseguia cantar. Teria de ser ela a fazê-lo sozinha. Pediu desculpa por isso. Ninguém se importou. Perante aquela cara redonda, pele branca de faces rosadas, olhos pintados de preto e cabelo louro platinado, vestido preto com lantejoulas e transparências, estilo cabaret, ninguém virou costas. De guitarra em riste, ela e Sune Rose levaram-nos ao rubro, ao constante bater de pé, ao abanar da cabeça, ao olhar fixo naquela figura feminina, aos ouvidos hipnotizados por aquela voz. Tem um ar frágil, ela, mas quando a vemos a pegar na guitarra com aquela garra, sabemos que está ali uma verdadeira mulher de palco. Eu sempre tive um grande fascínio por mulheres que sabem manejar uma guitarra. Ele, Sune, faz-me lembrar Brian Ferry mas em versão magra e sem rugas. Também ele estava de olhos pretos, com uns jeans skinny e botins bicudos. Falta o baterista. De barba ruiva comprida, boné preto, camisa, calças estilo clássico pretas, e botins bicudos, também. Assisti a tudo na varanda, de frente para a plateia mas com o trio virado de costas para mim.
Um encore para uma última música, não me lembro bem do nome.
Saí satisfeita com o meu candy e com esta love song.

Já agora, um pequeno grande reparo. Eles são os The Raveonettes e não os The Raveoheads...


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Agenda para o 1.º semestre do ano

20 de Fevereiro: The Raveonettes, Santiago Alquimista (à borla by Radar 97.8)
29 de Fevereiro: Lou Rhodes, Santiago Alquimista (€ 15... tentativa de ir à borla)
13 de Março: Patrick Watson, Aula Magna (€ 25 a € 30)
2 de Abril: Editors, Campo Pequenos (€ 22 e € 30)
12 de Abril: David Fonseca (ah pois é), Coliseu dos Recreios (€ 20)
21 de Abril: Nick Cave & The Bad Seeds, Coliseu dos Recreios (€ 30... nem vou dizer o preço dos camarotes)
29 de Abril: José Gonzalez, Aula Magna (€ 22 e € 30)
11 de Maio: The National, Aula Magna (não interessa o preço)
30 de Maio: Lenny Kravitz (ah pois é), Rock in Rio Lisboa (à borla)
11 de Junho: Leslie Feist

Façam as contas... Isto já para não contar com o Optimus Alive!!!!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

No one ever told me that I was gorgeous... in english

This guy looks like Colin Farrel but it's fare away more charming an good looking. He came in with his girlfriend, a hot girl but very barbie style... I usually don't like guys with that british accent but this one is different. God, he's hot!!!! Not very tall but very sexy, though. And so charming! I'm always nervous when I speak english and now my legs are shaking... I explain him the procedure, how to fill in the paper and then, he looks at me and says: "You have a pretty accent, you know? And you're gorgeous, too! Oh, you don't need to be flushed. Take it as a compliment... You are a perfect example of how portuguese women can be!"

I think I fall down the floor...

A primeira vez




Sempre a imaginei intocada. Com aquela pele alva cheia de sardas, imaculada, os caracóis ruivos que prende de vez em quando com um lápis. Pernas altas, ancas generosas, um mulherão... Para mim, sempre uma criança em corpo de mulher. Apesar da maquilhagem cheia de brilhantes, das roupas sofisticadas, aquele sorriso não engana ninguém. Tem voz de criança que cresceu depressa. Sim, tenho-lhe um afecto quase maternal e um instinto protector.
De tal forma que me é tão difícil imaginá-la a ter aquele momento. Aquele porque todas as raparigas aspirantes a mulheres anseiam, aquele em que algumas se tornam mulheres, outras em mulheres frustadas e outras até que decidem ser lésbicas.
Imaginar as mãos daquele rapaz com pretensão de ser homem e aspirante a macho cobridor, percorrerem-lhe a pele macia e impoluta... Imaginar aquela boca a chupar-lhe os mamilos cor-de-rosa, aquelas mãos brutas a agarrarem-lhe os seios alvos. Será que a magoou? Cabrão... Puto insensível... Será que ela sentiu aquele arrepio na espinha e a tontura própria de quem não sabe bem o que é aquilo que está a experienciar?
A minha cabeça não consegue reproduzir a vagina dela, tão cor-de-rosa e pueril, a ser penetrada. Será que foi à bruta? E se ele não a olhou nos olhos no preciso momento em que a penetrou e rompeu o certificado de virgindade? E se ele não encostou a face dele à dela? Terá sangrado? Acho que sim. Sei que ela preparou o momento como qualquer adolescente que sonha com aquele dia. Acredito que terá feito a cama de lavado, com lençóis brancos, tal como ela. Aposto que passou pelo corpo aquele creme cheio de brilhantes.
Será que ele a soube despir? Ou na pressa dos seus 18 anos terá desapertado a braguilha, tirado o membro nervoso para fora, baixado as calças dela e desviado as cuecas, enfiando-o assim, de repente? Terá feito movimentos vagarosos, com tempo para ouvi-la gemer a cada estocada, contemplando a expressão dela? Espero que de prazer.
Sei, porém, que não foi neste momento que ela perdeu a virgindade. A virgindade perde-se a partir do momento em que fazemos amor sem pensar em mais nada, sem complexos, sem tabus. Até mesmo sem amor. Perde-se quando desfrutamos do sexo pelo sexo.
Poderá ter tido um minuto de espanto, um minuto daquele carrossel colorido, como as gomas que ela come. Mas o verdadeiro prazer ela não o terá em dez quecas de dois minutos cada. Daqui a uns anos, ela vai querer mais e vai saber como o conseguir. Vai saber que três horas seguidas são bem melhores que 3o vezes 3 minutos. Espero que aprenda. Por ela, por ele e por todos os que poderão vir no futuro.