segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Sobre o Babel

Mais do que o argumento, extremamente bem elaborado e com um fio condutor coerente,
Mais do que os planos de imagens, principalmente o do fim,
Mais do que o Gael, que surge não já com aquele cara de miúdo,
Mais do que mostrar, mais uma vez (este é um ponto em que alguns filmes têm insistido e que, confesso, começa a cansar) a estupidez americana de considerar tudo o que é homem de turbante, pele escura, e barba grande, terrorista,
E a falta de amor pelo próximo e compreensão pelos que sofrem, que tantos abrem o peito para dizer que têm e que, na altura devida, vai com os porcos,
Babel mostra um Brad Pitt com rugas, igual aos seus 40 e tais, talvez, não sei, com alguma make-up para esse efeito,




E só isto vale um Óscar!

sábado, 27 de janeiro de 2007

Tu?

Foi numa destas manhãs geladas, com as mãos cobertas pelas luvas que deveriam ter mais pêlo, com a gola do casaco para cima a deixar apenas metade da cara de fora, que o vi, ao fim de quase 6 anos desde a última vez que estivemos com amigos comuns. Quando andamos de metro, temos mais tempo para reparar no que nos rodeia, nas pessoas que entram e saem, que se sentam ao nosso lado. Ainda o comboio não tinha parado na estação e eu já o tinha visto. Casaco castanho de fazenda com a gola para cima, também a tapar-lhe metade da cara. Calças de ganga gastas. Estava mais forte, gordo não. É daqueles homens que duvido que alguma vez ganhe barriga. O cabelo estava igual. Entrou. E das nossas meias caras descobertas, olhámo-nos e reconhecemo-nos imediatamente. Tu? Sim. Depois do sorriso de espanto e de contentamento (mais do que o esperado), seguiu-se a conversa trivial do costume. O que fazes? Estás a morar em Lisboa? Disse-me que se tinha casado (lembro-me de algumas conversas e de ele me dizer que essas coisas de alianças não era com ele) e que tinha a Clara, quase com dois anos. Bem, quem te viu e quem te vê. Depois de uns segundos de silêncio (ao mesmo tempo que olhava e falava com ele, lembrava-me dos anos passados, da escola, das saídas à noite com a malta toda, das amizades daquele tempo), ele despediu-se, ia ter uma reunião com um cliente no Saldanha. Fica bem e até um dia destes. Nada de troca de telefones, nem cafés combinados. Esta história tinha mesmo chegado ao fim, sem que alguma vez tivesse começado.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Warning!

Por motivos de ordem maior, ou seja, por estar ATOLADA de trabalho até não poder mais (nem no meu dia de folga, conseguido a muito custo, eu deixo de receber 324654 chamadas de trabalho) e por ter, de há várias semanas para cá, os meus fins-de-semana compostos apenas pelo (sagrado) Domingo, este blogue vai estar inactivo por algum tempo.
É certo que esta notícia não constitui uma grande falta na blogosfera, tão pouco para os que visitam A Ginjinha, mas para mim, faz uma grande diferença!

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Serviço de urgência

O jogador da bola lá de casa lesionou-se depois de, contou-me entusiasmado, "ter fintado um, dois, três e quando vou a rematar com o direito, coloco mal o pé esquerdo e olha...!" Urgências com ele.
Entramos. A sala é fria e feia, como em todos os hospitais e centros de saúde públicos. Não há cadeiras confortáveis, ecrã plasma, música ambiente, decoração minimalista, ambientadores. Na mini-televisão pendurada na parede passa, mal por causa da antena, uma novela da TVI, que na sala de espera todos seguem atentamente.
Ali, naquela sala, parece que as almas definham lentamente, os corpos vestem-se de roupas escolhidas à pressa, às vezes, de pijama. As crianças têm ranho no nariz. Os cabelos estão oleosos. Desdentados, idosos sem família que chegam de ambulância, o ambiente é pesado.
As crianças que não choram, correm pela sala aos gritos. Ouvem-se os "pschhhh" dos pais.
Os bancos rijos convidam ao desespero. Os ciganos (há-os sempre em qualquer urgência) têm os piores casos, estão sempre mais doentes que os outros. Apenas um sofre de alguma maleita, mas nunca vai sozinho. Vai todo o agregado, dez no mínimo.
A senhora do guichet não faz o menor esforço para olhar nos olhos das pessoas. São tantos os que por ali passam, todos queixosos disto e daquilo. Sempre o mesmo. Fitas, pensará. Não facilita. As informações são arrancadas a ferros, não tem trocos e não há emoção nas rugas dos 50 anos.
Uma rapariga entra de óculos escuros, a choramingar, cabelo para a frente, mão na cara. Ao seu lado, um homem, talvez o namorado, talvez o pai, leva-a pelo braço. Oiço a data de nascimento. 17 de Abril de 1990. Ele masca uma pastilha, com toda a força que a placa dentária permite, e de boca aberta. Não lhe dirige uma palavra, um gesto de carinho ou de atenção. A cabeça calva deixa ver as veias grossas, que sobressaem a cada toque da pastilha. Tem as mãos grossas e as unhas sujas. Ela continua a esconder a cara e a choramingar.
Está pouca gente e por isso, demoramo-nos pouco.
Na farmácia, encontro o mesmo casal. Mais de perto, sinto o álcool que exala dos poros e da boca dele. Ao contrário do que inicialmente pensei, ela não tem nenhuma nódoa negra na cara. Mas não lhe consigo ver bem os olhos. Saem e arrancam numa carrinha Nissan, velha, com os pneus a raspar no alcatrão.
Chega a minha vez. Duas canadianas, que o rapaz está lesionado.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Maridos extraterrestres - atenção, não sou feminista mas há coisas que me mexem cá com o sistema nervoso!


Diálogo I

Doméstica n.º 1 - "Bem, o marido da H. tem cá uma paciência. É ele que vai buscar a filha à escola e depois ainda vem buscar a mulher ao trabalho. E é ele que cozinha e arruma a casa."
Doméstica n.º 2 - "A sério? Bem isso deve ser a toque de caixa lá em casa."

Doméstica n.º1 - "Já vistes? Da outra vez, a minha filha foi a casa dela e o gajo é que tava de paninho ao ombro e com o aspirador, enquanto ela tava sentadinha no sofá!"

Mulher com marido ET: "O que é que isso tem de extraordinário?"

Doméstica n.º 2 - "Olha, eu cá gostava de saber onde é que ela desencantou o marido dela. O meu não faz nenhum, bem, se o pusesse a aspirar ainda levava uma galheta."

Doméstica n.º 1: "Que horror! Vejam bem, eu tinha vergonha que as minhas amigas vissem o meu assim!"

Mulher com marido ET: "Isso hoje em dia já nem se usa. Quantas vezes eu não chego a casa e tenho o jantar pronto? E é ele que põe a roupa na máquina e estende, aspira, limpa o pó...

Domésticas: "?????????"

Mulher com marido ET: "Não me digam que o vosso marido é daqueles que só fode com a mulher para ter filhos?"

Domésticas:"..."


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A queda de um mito!

Quando digo que trabalho numa agência de modelos, a primeira reacção é: “Bem, só deves ver gajos bons”, dizem elas. Eles, dizem o mesmo mas vão mais além. “Vê lá se apresentas uma manequim aqui ao teu amigo.”
Meus caros, lamento desiludir-vos (eu própria fiquei desolada ao aperceber-me desta triste realidade) mas aqui, eu não vejo gajos bons nem gajas boas. Não estou propriamente numa L’Agence... Quando os há, são muito novinhos e cheios de manias, e para miúda já basto eu. Elas, são adolescentes inconscientes com a mania que vão ser as futuras Victoria Beckham.
Então e os formadores? Dois são gays, um é um quarentão plastificado e a outra é uma gaja, ainda que alguns a confundam com um homem.
Por isso, amigos e amigas, desenganem-se se pensam que neste mundo só se passeiam homens e mulheres TDB (tudo de bom).
É uma vida muito dura, esta!

domingo, 14 de janeiro de 2007

Caso perdido

Há quem insista em beber café no mesmo sítio, mesmo que todos os dias venha queimado,
Há quem deteste a Floribella e os Morangos com Açúcar, mas que todos os dias tem de gramar com estes,
Há quem ouça sempre a mesma rádio, mesmo que a música seja uma merda e os locutores tenham uma voz insuportável,
Há quem faça um sacrifício brutal para não comer uma fatia de bolo brigadeiro depois do almoço, só porque as amigas estão de dieta e ficam a olhar de lado para nós e a pensar "que gorda!",
Eu,
Insisto em comer nepalês e indiano, sempre com mil e um cuidados, mesmo sabendo que, no dia seguinte, vou estar mal-disposta,
E insisto em ficar de ressaca mesmo só tendo bebido dois copos de vinho branco. Desconfio até que só de inalar o álcool do copo dos outros, fico de ressaca depois.
Presa por ter cão, presa por não ter...
A vida, às vezes, é muito difícil...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Mas... há dúvidas?

Estudo que relaciona os acidentes rodoviários com os signos do Zodíaco:

"Leão: generosos na estrada; egocêntricos; bons condutores".

Os restantes, chumbaram na avaliação. Contra este facto, não há argumentos!!!!

sábado, 6 de janeiro de 2007

Ai se eles te apanham!

No final da novela Páginas da Vida, que passa agora na SIC (o problema de comprar uma box pirata é que, quando ninguém nos arranja os códigos, ela não serve para nada, e por isso, temos de levar com os 4 canais), surgem mulheres brasileiras a falar. Sobre o quê, ainda não percebi, acho que são cenas da vida, ou seja, tudo. Num desses depoimentos, oiço esta brilhante história contada por uma senhora de 65 anos. Acho até que fiquei de boca aberta...

"Eu não sabia o que era gozar, desde que me casei. Ele vinha, fazia, e pronto, quando terminava, cada um seguia o seu caminho. Sempre pensei que fosse assim. Até que um dia, comprei o disco do Roberto Carlos, levei para o meu quarto, me deitei e adormeci ouvindo a voz dele. Quando acordei, disse "Meu Deus", estava com a calcinha toda molhada, uma coisa estranha. Comentei com a minha amiga e ela me disse "Creuza (não me lembro do nome correcto, mas acho que Creuza é um bom nome), ocê gozou". Foi a primeira vez, eu não sabia como era. Desde aí, minha filha, eu não preciso de homem não, eu me viro sozinha".






E pronto! Se eles, os maridos e companheiros, sabem que a culpa é do Roberto Carlos, o Rei está feito ao bife. Pessoalmente, só conheço uma fã do cantor e sempre pensei que fosse por causa do cabelo. Agora percebi o porquê!

A minha agenda

Concertos
Xutos&Pontapés, 12 Janeiro, Casino de Lisboa (pronto, tenho a panca dos gajos, uma cena de infância)
Maximilian Hecker, 17 Fevereiro, Teatro Circo - Braga (gostava muito, mas... Braga...)
Yann Tiersen, 7 Março, Aula Magna (este não vou perder)
!!!, 5 Abril, Coliseu de Lisboa
Scissor Sisters, 27 Abril, Coliseu de Lisboa (reviver a saturday night fever)
Bloc Party, 18 Maio, Coliseu de Lisboa (tenho curiosidade em vê-los ao vivo)
Beyoncé, 24 Maio, Pavilhão Atlântico (sim, eu gosto da gaja)

Lançamentos
A Week End in the City, Bloc Party
The Neon Bible, Arcade Fire (para mim, um dos mais aguardados e com a participação de Owen Pallett)
Sound of Silver, LCD Soundsystem
Weather Underground, Massive Attack
Heartland, Final Fantasy (eu diria Dreamland)

Cinema
Homem-Aranha 3
The Good German (my dear George Clooney)
Rocky Balboa (o boxer sexagenário)
Dreamgirls (prefiro a Beyoncé como cantora)
Shrek 3 (and the story continues, please, watch the trailer)
Inland Empire
Scoop (Woody Allen encontrou uma nova diva)
Ocean's Thirteen (para lavar as vistas... o argumento também costuma ser bom)
Piratas das Caraíbas III: At World's End
Harry Potter e a Ordem de Fénix (acho que só falta mais um para o puto morrer)
Live Free or Die Hard (not again, eu pensava que ele já tinha morrido!)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Obrigada!

Sim, eu estive lá a dar uma palestra sobre e-fashion às betas e betos, tios e tias de Campo de Ourique (Catuxa, não estás incluída nestas categorias). Mas a minha timidez levou-me a esconder isto dos meus amigos.

Ainda assim, alguém mais atento descobriu!!!!


O cúmulo da hipocrisia

Não sei se comente... esta merda. Uma chamada de atenção para estas frases:
1. "Gostava que o processo tivesse sido conduzido de uma maneira mais digna"
2. "Pessoalmente, penso que Saddam Hussein teve direito a um julgamento que ele recusou conceder a milhares de pessoas que ele matou"

Deixa-me ver... Quantas é que tu já mataste (melhor dizendo, mandaste matar) sem sequer lhes veres a cara?

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Quando for grande...

... quero ter a mesma determinação e força de vontade do "velho" Santos, que de velho, não tem nada. Talvez uma ou outra coisa que o tornam, por vezes, um bocadinho chato, principalmente quando a filha mais nova tem tão pouca paciência...
Dada a oportunidade que teve para se reformar (mais cedo, é certo), pensou uma vez e meia antes de aceitar. Ou continuava no activo, sujeitando-se a uma mudança de cargo e a levar com um chefe puto armado em bom (a isto chama-se refrescar as empresas, trazer sangue novo, tão novo quanto inexperiente e imberbe), acrescido de uma maior carga de nervos, ou aceitava a proposta da reforma, perdendo uns quantos euros, mas com a mais-valia de tudo o resto: tempo, sossego, paz, ânimo,... E o empurrão que faltava para se dedicar ao que gosta. "Filha, vou voltar à escola". Durante um ano, frequentou um curso de quiromassagem num dos melhores institutos do país. Leu calhamaços que me fizeram recordar os tempos da faculdade. "Ah pois é! Para veres o que eu sofri". Sempre que falavamos, levava com um resumo das aulas e dos estudos. Agora, era ele que o fazia. Recebeu o diploma e as habilitações para exercer a actividade. Festejei. Era, pois, o tempo de experimentar. Nas vésperas de fim de ano, fui ao seu gabinete, feito em casa, uma coisa simples. Uma marquesa à altura, o primeiro investimento. Falta ainda pintar a parede (lilás, por minha iniciativa), e colocar três quadros com caracteres chineses. As molduras, essas, diz que não as tira, fazem parte da inspiração que precisa. Reconheço-me em duas, uma com 18 anitos, outra, mais recente, a preto e branco, tirada num momento muito feliz, que fiz questão de lhe oferecer. Velas, som relaxante... Subo para a marquesa. Durante meia-hora, recebo uma massagem tão boa, que acredito ter-me aliviado muito mais que os músculos (um dia depois, estraguei tudo com um movimento brusco e lá se foi a bela da massagem). Corrijo um e outro pormenor, que sei que com a prática vão ao lugar, e saio feliz, não por mim, mas por ele, que tão bem conseguiu realizar um projecto de vida. "Nunca é tarde." Pois não, pai, pois não...