segunda-feira, 28 de maio de 2007

Há maneiras...

... e maneiras de lidar com um escândalo! Os japonas não brincam em serviço. Podem ter pilas pequenas (dizem) mas têm tomates para fazer isto. Por cá, ficamos apenas pelos desmentidos e "não era isso que eu queria dizer".

domingo, 27 de maio de 2007

O estranho mundo do balneário feminino do Holmes Place

Decidi, em boa hora, inscrever-me no Holmes Place, aquela cadeia de ginásios que mais parece uma seita e que envia sms intimidatórias caso a nossa assuiduidade registe quebras, do tipo, ir apenas duas vezes numa semana - se a semana tem 7 dias, ir apenas 2 constitui uma falha grave e é o primeiro indício de que estamos a fraquejar no objectivo que prometemos cumprir quando assinamos a bendita proposta de adesão. Enfim... Por várias razões, inscrevi-me. A minha primeira aula foi no Holmes de Cascais. Entro no balneário, como é a primeira vez, demoro algum tempo a descobrir o sítio das coisas. Escolho o cacifo (196), junto aos espelhos e aos secadores. Começo a equipar-me e, de repente, vejo-me rodeada de mulheres nuas, o que é normal, visto estar num balneário feminino. Mas elas estão nuas, passeiam-se pelo balneário nuas, sem toalha enrolada, secam o cabelo nuas em frente ao espelho, falam umas com as outras nuínhas, e vão juntas para os duches nuas... Eu sei que somos todas mulheres (pelo menos, aparentemente), que mamas, rabos, tufos de pêlo e depilação integral é tudo igual, mas não deixa de ser constrangedor (ainda não vi MAMAS PRETAS E GRANDES). Lembro-me que da primeira vez, fiquei especada a olhar para uma senhora a secar alegremente o cabelo em frente ao espelho com tudo ao léu. Ao princípio, estranha-se, mas depois, continua-se a estranhar até que se acaba por ignorar. É também verdade que depois acabo sempre por olhar para a outra que tem mais celulite no rabo do que eu, que tem mais barriga do que eu, e claro, as outras pirosas que têm tudo no sítio e que me fazem querer despir e vestir fechada na casa-de-banho.
Isto poderia ficar por aqui, não fosse o facto de, num ginásio, termos pessoas de todas as idades. E então, estas visões tornam-se tão mais horripilendas e dantescas quanto mais velhas elas são. Sim, porque estas também gostam de andar a mostrar as peles e aquilo que já foi um dia, um rabo e umas mamas, difíceis de distinguir agora no meio daquelas peles.



terça-feira, 22 de maio de 2007

A doença dos tempos modernos

Hoje em dia, está na moda dizer que se anda stressado e é fácil culpar o stress de todos os problemas da nossa vida. O trabalho é um stress, chegar a casa e ter de fazer o jantar é um stress, o trânsito é um stress, receber aqueles amigos em casa é um stress, ir às compras é um stress. Tudo está mal por causa do stress. Até o stress é um stress. Uma vida stressada deixa-nos pouco tempo para fazer uma série de coisas. O trabalho ocupa-nos 80% do dia, e quando chegamos a casa, a vontade de ocupar os 20% que sobram é muito limitada. Falo por mim. Não tenho vontade de fazer nem uma sandocha, muito menos de passear o Bono ou de manter um diálogo interessante. A única coisa que consigo fazer é sentar-me no sofá, ligar a televisão e fazer zapping pelos 400 canais. Isto durante uma hora, no máximo, porque depois, arrasto-me até à cama. Com um bocadinho de sorte, ainda me lembro de dizer até amanhã. Os dias seguintes são uma repetição dos anteriores, and so on and so on. A chegada do fim-de-semana, à primeira vista animadora, acaba por revelar-se um exercício de ócio, puro ócio, onde a vontade de não fazer nenhum se sobrepõe à vontade de pensar em qualquer coisa de interessante. Resultado: preguicite aguda, um termo que só agora me faz sentido e que sempre associei a uma brincadeira para definir alguém que não gosta de trabalhar e que vive encostado à parede. A verdade é que isto pode, a longo prazo, tornar-se uma doença, esta sim, a doença do século XXI. Marcamos um jantar lá em casa com os amigos ao fim-de-semana porque dá mais jeito e temos mais tempo, mas depois, a preguiça inventa uma desculpa para marcarmos para outro dia. Combinamos ir ao cinema porque não temos de nos levantar cedo no dia seguinte, mas a preguiça tem um programa melhor. Durante a semana não temos tempo, nas horas vagas a preguiça encarrega-se de tomar conta da nossa vontade.
Qual stress... O estilo de vida moderno esconde outras doenças muito mais perigosas... Que não matam, mas moem, e definham...

domingo, 13 de maio de 2007

A minha fé é maior que a tua!

João das Neves bem tentou manter-se acordado, mas o cansaço da viagem foi mais forte. A mulher, Conceição das Neves, lá estava com a sua fé inabalável, de joelhos no chão, a segurar firmemente a vela nas mãos secas (Conceição esquecera-se de levar o creme Nívea, da lata azul, que há anos, décadas, usa para tudo, até para as assaduras...). Rezava convicta de todas aquelas palavras. As crianças estavam entretidas com a PSP (leia-se Playstation Portable). João das Neves pensou na bênção que era ter aquela família. Uma mulher devota, cumpridora das suas obrigações como esposa e mãe, fiel, trabalhadora e... gorda. Afinal, com tanta dedicação aos outros, pouco tempo sobra para cuidar de si. Ele, João das Neves, era assistente no departamento comercial de uma empresa. Ganhava razoavelmente bem, o suficiente para ter um carro mediano, uma casa mediana e um estilo de vida mediana. Não me posso queixar, podia ser pior, pensava. E pensava na bela da secretária do patrão, que de vez em quando, lhe dava um carinho, quando o patrão não estava.
De volta a casa, de espírito lavado, João e Conceição estavam felizes. Entraram no carro, tudo a postos para o regresso. De repente, o caos. O trânsito parado, filas intermináveis, impaciência, comichões.
- É sempre a mesma coisa, todos os anos é isto, pá. Pra qué que insistes nisto, hã?
- Mas queres ver agora, hã? Fazemos isto todos os anos, não me imagino a não vir a Fátima.
- Então passas a vir tu, pá. Aqui o burro é que tem de vir a conduzir e a gramar com estas merdas.
- Não digas asneiras em terreno sagrado e em frente aos miúdos, hã?
- Ó pá, os miúdos dizem bem pior!
- Ó mãe, o Rúben lá do colégio diz que a professora é uma puta!
- Nossa Senhora, Carminho, limpa a boca.
- Ó mãe, tou aflito pra mijar...
- Luisinho, não é mijar, é fazer chichi, filho.
- É mijar sim senhor. Homem que é homem mija, e é de pé, não faz chichi sentado.
- Mas que coisa, João!
- Olha-me este a querer passar à má fila... O que é que tu queres, ó espertinho? Aqui não passas tu, chico esperto!
- João, calma, não te enerves, não é preciso.
- Ai não? Está aqui um gajo horas a andar meio metro e vem um espertinho e passa-me à frente. Era só o que me faltava.
- Mãe, tou mesmo aflito pra mijar.
- Agora não, Luisinho. Aguenta mais um bocadinho...
- Vou fazer nas calças...
- Tu tás mas é maluco, miúdo, sujas-me os estofos e levas uma galheta que nem sabes de onde vens!!
- João, não fales assim pró miúdo.
- Cala-te mulher! Reza, reza para que isto ande rápido e pra que o puto não me suje os bancos, se não quem paga és tu!