sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Lucy in the sky with diamonds



A chegada dos 30 na vida de uma mulher assemelha-se à sensação de fazer 18 anos. Há uma expectativa de igual dimensão, uma excitação que só se explica quando lá se chega. Mesmo que as expectativas e os objetivos sejam bastante diferentes aos 18 e aos 30.

Mas a sensação é mesmo esta. É o atingir da maioridade, que aos 18 nos traz a liberdade (ou pelo menos, a ideia de a termos) de sairmos até às horas que quisermos, de tirarmos a carta de condução, de entrar em sítios até então vedados, a entrada na faculdade, de sermos adultas perante a sociedade e olharmos para os nossos pais com aquela cara de “agora já tenho 18 anos e não podem obrigar-me”. 

Os 30 trazem uma outra maioridade e maturidade. Emocional, física, sexual… Os objetivos são outros. Em vez da entrada na faculdade, aos 30 pensamos no sucesso profissional. Pensamos num futuro a dois… No desejo de ser mãe, de construir a nossa família. E olhamos para nós de forma diferente. Não, os 30 não assustam… A não ser que temamos toda uma imensidão de coisas novas e sensações diferentes que aqueles, seguramente, nos oferecem. Achar que os 30 não trazem nada de novo, ou achar que já pesam na idade, é errado. Imensamente errado.
Os 30 na vida de uma mulher são um admirável mundo novo. O nosso corpo reage de forma diferente ao toque. A pele ganha outro brilho. E o melhor de tudo, ganhamos uma confiança em nós que não sabemos de onde veio. Deixamos (ou pelo menos, começamos a fazê-lo com menor frequência) de pensar no que os outros pensam sobre nós. Cagamos para isso (a frase é mesmo esta). Vivemos mais descomplexadas. 

Os 30, e toda a década que se segue, valem a pena ser vividos com intensidade. Quer seja a dois, a três ou mesmo sozinha.
Por isso, digo-te. Se achas que já fizeste tudo aos 20… se estás deprimida com a chegada dos 30… Chill out. Os 30 começam agora e as coisas não mudam de um dia para o outro. Para já, ainda estás de ressaca da década anterior. 

Espero, também, que deixes de ser chata… é que uma chata de 30 é pior que uma de 20!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tu, eu, nós...



Não gosto de dormir em conchinha.

Não gosto de sentir a respiração quente de outro na minha cara.

Não durmo de mão dada, nem adormeço a fazer carinhos.

Se há coisa que abomino, é acordar com as voltas que outro dá na cama.

E depois, não conseguir adormecer porque ressona e tenho de partir para a violência…

Gosto de ter o meu espaço no colchão, mesmo dormindo sempre do mesmo lado.

Acordar e não me levantar de imediato, ficar na ronha.

E de repente…

Passei a ter o teu corpo enviesado e o rabo na minha cara.

Passei a adormecer virada para ti, de mão dada e a fazer-te carinhos na bochecha.

Viras-te tantas vezes, a cama parece um trampolim, que acabas por encostar a tua cara à minha… e eu respiro-te, sem queixas.

Já para não falar de quando começas a ressonar, e eu dou por mim a dar-te beijinhos no nariz…

Como se tudo isto não bastasse, anseio pelo nosso despertar, devagarinho, a olhar uma para a outra, de mãos dadas e, se for preciso, voltarmos a adormecer, porque nos apetece.