sexta-feira, 27 de junho de 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Always listening to good music

Os meus ouvidinhos já não papam qualquer coisa. Ainda para mais, em vésperas do concerto de Magnetic Fields, que se avizinha com casa pouco cheia, talvez porque no mesmo dia actua o insuportável Jack Johnson e as suas pranchas de surf. Ainda melhor. Não vai ser um daqueles concertos esgotados e onde ouvimos tiradas do estilo: "Quem é este gajo?". Destaque ainda para o dia de hoje,em que os Sigur Rós lançam o novo álbum, completamente disponível para os ouvidos que sabem ouvir em http://www.sigurros.com

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Retratos de Barcelona IV



Retratos de Barcelona III



Retratos de Barcelona II



Retratos de Barcelona I



Desta vez...

... fomos a Barcelona não como dois turistas ávidos por descobrir a cidade, os seus monumentos, as marcas de Gaudí, mas sim como duas pessoas que regressam a uma cidade que os deixou impressionados, bem impressionados.
Regressámos a Barcelona quatro anos volvidos. E comprovámos porque dizem que quem lá vai uma vez, volta sempre uma segunda.
Desta vez, e como tinhamos muito tempo livre para relaxar e desfrutar da cidade como bem quisessemos, sem olhar para o roteiro, sem ficarmos em filas de espera para entrar nos pontos de interesse turístico, como La Pedrera, a Sagrada Família, o Palau Guell, o castelo de Montjuic, sem pressas, portanto, detivemo-nos nas pessoas. Na movida dos catalães. No melting pot que é aquela cidade. Paquistaneses, turcos, indianos, marroquinos, que se misturam com os catalães e com os turistas oriundos de várias origens: Canadá, States, França, Alemanha, China, Japão, Roménia, Itália, Portugal, Espanha... Sim, Espanha. Porque a Catalunha não é Espanha. Porque platja é bem diferente de playa, con é muito diferente de amb, creme catalan não é a mesma coisa que creme català e la ciudad é diferente de la ciutat. É esta diferença que faz com que a selecção espanhola não seja motivo de orgulho e euforia para os catalães. Só os turistas é que ligavam ao Euro e faziam o favor de encher os cafés. Nós incluídos.

II
As Ramblas e suas as ruelas e travessas parecem-se com um Martim Moniz a uma escala 20 ou 30 vezes superior. Naquelas ruelas e travessas abandona-se a confusão dos turistas e entra-se na essência da cidade, nos bairros, na vida das pessoas de lá. Não sei bem o que são. Catalães? Não, a maioria é imigrante. Nestes bairros da baixa, Raval e Ciutat Vella, há lojas, cafés, cabeleireiros, supermercados, restaurantes, pastelarias de e para a miscelânia de gente que ali se fixou. Apesar de ficarem longe das artérias principais, algumas destas ruelas dão acesso a alguns monumentos e, por isso, passeiam-se por lá turistas. Bem-vindos, aliás. Digo mais. Nestes bairros não se sente a segregação que se sente em Lisboa, em relação aos bairros da baixa. Aqueles fazem parte de Barcelona, da mesma forma que Barcelona não seria o que é sem aqueles.
Depois, há o L'Eixample, a Catalunya, a Plaza d'Espanya, o Passeig de Grácia, as zonas nobres, os Restelos lá do sítio, mas sem as prostitutas e as embaixadas.

III
Assim de repente, apetece-me dizer que Barcelona combina com "desenrasca".
São desenrascados nos transportes. Os bus estão articulados com o metro (8 linhas), que por sua vez está articulado com o comboio. Mesmo durante a noite, os táxis trabalham pouco. Tome-se este exemplo. À chegada ao aeroporto de Barcelona, podemos apanhar o comboio para o centro da cidade ou o autocarro que parte a cada 10 minutos. No sentido inverso, a mesma coisa. Onde é que em Lisboa se chega ao aeroporto ou ao centro sem ser de táxi ou de carro?
As lojas estão abertas até à meia-noite. Há um café, um restaurante, um supermercado, a cada 3 passos. Há um mercado aberto de segunda a sábado, até às 22h, 23h.
Há vida em Barcelona. Há vontade em aproveitar cada minuto do dia. Há, mesmo, um mundo inteiro em Barcelona.

Há, também, um custo de vida muito elevado, que faz com que umas mini-férias de quatro dias se transformem no equivalente a sete dias no Algarve.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Proposta de emprego

Procura-se homem/mulher com idade entre os 25/35anos, com muito bom aspecto, sem acne, sem cabelo oleoso, com as unhas arranjadas (basta cortadas e limpas), que saiba manter uma conversa de jeito de, pelo menos, cinco minutos, para apagar os spams que recebo de minuto a minuto no meu email. Se for mulher, que não use camisolas justas e calças de cintura descaída a mostrar as banhas. Se for homem, que não use meias brancas e jeans pelo tornozelo. Bom ambiente de trabalho.
Oferece-se recompensa aliciante: uns contantes "bom trabalho". Os mais aplicados podem até ter direito a um café durante o horário de trabalho. E, quem sabe, ter direito a almoço.
Candidaturas com foto para este blogue.

Agora que veio o Sol...

... Decidi constipar-me, de livre e espontânea vontade, só para não torrar e ficar moreninha.

Deixem, que até Barcelona isto melhora!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Banda sonora da A8

Sendo o meu carro uma verdadeira bomba que ultrapassa na boa e ganha um grande avanço esses BM's e Mercedes, e por isso, possível alvo de carjacking, decidi dotá-lo de um sistema de som à altura. Nada de sub-woofers, que isso é muito chunguinha. O meu carro tem classe, tal como a condutora. Assim, ofereceram-me a última novidade em tecnologia de ponta, qual rádio com leitor de cd's. A velhinha e sempre fiável cassete com um fio para colocar no sítio dos phones do mp3. E tcharan, ce la musique no Boss Turbo! Nada de enfiar e tirar o cd e das músicas saltarem ao buraco mais pequeno na estrada. Isto é muito mais à frente.
E lá venho eu, a ouvir o Rufus e a tentar acompanhá-lo até ficar quase sem fôlego. E fico sempre com o choro contido, uma lágrima a cair, vá, sempre que ele canta "I'm so tired of you, America".

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Crónica de uma morte não anunciada

Hoje, morri. Morri de mim. Estou de luto, com um vestido preto de seda comprido que me roça os pés descalços. A minha pele está sem cor, nem sequer está branca porque branco é cor. Tenho o cabelo apanhado em rabo de cavalo. Estou bonita, para quem acabou de morrer.
Vejo choros contidos, semblantes carregados. Estão tristes. As crianças estão quietas, olham para os pais com interrogação.
Eu também quero chorar, mas sequei por dentro. Quero estender a mão mas não consigo chegar a ninguém. Quero dar um passo mas prendem-se-me as pernas. Mordo os lábios com força mas não verte uma gota de sangue. Quero gritar mas a boca não se abre. Não consigo ouvir... Que música estará a ouvir?
Merda, nem um bilhete consegui escrever. Mesmo que o quisesse, agora, não vale a pena. Tão pouco conseguiria papel e caneta para escrever. Tão pouco teria forças.
Lembro-me de tudo, agora que tenho tempo. Vou passar o resto da minha morte atolada de recordações. Mas já não consigo senti-las. Já não te oiço. Movimentas os lábios mas eu não te percebo. Parece que as memórias me morrem.
Oiço o silêncio, porque também este tem o seu som. Está frio. Não os vejo nem sinto, mas devo ter os lábio roxos.
Antes de morrer, de deixar de te ver, ouvir, sentir e cheirar, ouvi esta música. Tão banal, mas era a que estava a passar na rádio. Não fiz de propósito.

Um dia, hei-de voltar. Para mim.


Dry your eyes. I'm only drunk.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Estórias do ginásio

Não costumo incomodar-me com os outros homens no ginásio. Sei que olham, comem com os olhos e algumas mulheres fazem por isso. Não me incomodam.
Mas hoje, foi diferente. As máquinas do step estão estrategicamente situadas de frente para a parede. Atrás, estão as bicicletas. Para quem conhece as máquinas de step, sabe que uma pessoa em cima delas fica com o rabo bem espetado. Uma bela visão para quem está a pedalar, portanto. Incomodou-me um bocadinho, só porque a fileira de bicicletas estava cheia de homens.
A mesma sensação sucedeu-se quando, de quatro em frente ao espelho e rabo espetado, elevo a perna para fazer exercícios e sinto uns olhos bem gordinhos a galarem-me o rabo.

É chato.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ser jovem

Fumam. Embebedam-se. São estúpidos. Ouvem música de merda. São mal-educados e mal-formados. São insolentes e convencidos. Vestem-se mal. Aliás, andam meio despidos. Não sabem nada da vida nem se preocupam em saber. Não querem aprender. Mandam mais sms num dia do que eu num mês. Não sabem escrever, muito menos sabem falar e sabem estar. Não têm conversas de jeito. Dizem asneiras ao desbarato. Pouco se importam se amanhã podem não ter peixe fresco para comer, desde que continue a existir McDonalds. Não lhes afecta o preço dos combustíveis. Não sabem quem é a Manuela Ferreira Leite (é a nova prof da escola?). Não sabem o que é não ter dinheiro. Não sabem onde fica o Tuvalu. Reformulando: nem sequer sabem o que é. Não conhecem o termo conversar. Falam alto e têm tiques irritantes. Os únicos concertos que conhecem é o Rock in Rio. Não sabem o que é ter amigos agarrados ao cavalo. As únicas drogas que conhecem são caldos Knorr e comprimidos esmagados em pó branco. Os cogumelos de que falam são "halogéneos". Nunca leram nem vão ler "E o Burro Viu o Anjo".

Posto isto, os jovens de hoje são uma farsa.