Deu-me para rever os álbuns de fotografias destes 28 anos. Nostalgia, influência de amigos, qualquer coisa. Escusado será dizer que, apesar de ter como única companhia O Cão, foi a risada desenfreada lá em casa.
Passei por todas as fases. Em criança, andava sempre aprumada, com roupa confeccionada à medida e pela mãe, com a certeza de que mais ninguém tinha uma igual à minha. Vestidos de golas redondas, conjunto de saia e casaco, camisas bordadas. Um mimo!
Depois, a fase estranha da passagem do básico para a preparatória, quando dei em imitar as manas mais velhas. Isto quer dizer que usava laca no cabelo, a franja em poupa, chumaços na roupa e abusava da bijouteria.
A influência das amizades ditou os anos seguintes. Seguiu-se a fase punk, com cabelo muito, muito, muito curtinho e picos de gel, calças rasgadas, correntes, preto, muito preto.
A seguir, a onda surfo-beta, com calça pelo tornozelo, Keds, lenço ao pescoço, e, aos fins-de-semana na Ericeira, os típicos Redley, as sweats Billabong e Quicksilver.
O secundário foi uma cena mais radical. Porque queria ser rebelde mas andar cheiinha de marcas. Foi a fase cool e das marcas Uniform, Soviet, Chevignon, All Star, Levi's, que arrasavam os subsídios de férias e Natal lá de casa.
Por esta altura, devem estar a pensar que eu sofria de uma grave crise de identidade. Talvez.
De volta às fotos. Olhem para os tesourinhos que têm lá em casa. São tesouros, meus caros. Porque tirar uma foto implicava todo um ritual que roçava a solenidade. Hoje não. Tiram-se fotos ao desbarato, repetem-se poses, apagam-se quando não se gosta. No meu tempo, o que se tirava era o que ficava. E é por isso que, nos dias de hoje, gostamos mais do que vemos, Porque apagamos o que não gostamos e guardamos o que nos interessa.
Ide e diverti-vos!
1 comentário:
lembro-me dos 20 contos que gastei nas minhas Chevignon... diga-se de passagem um dos melhores investimentos que fiz até hoje!
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