Dar explicações irrita-me
solenemente. Mais ainda quando me pedem explicações da explicação, obrigando-me
quase a uma narrativa digna de um qualquer sketch
humorístico, mas sem graça nenhuma! Não gosto de me justificar com mais de três
frases, porque isso implica falar mais do que me apetece.
“Hoje não posso.”
“Porquê?”
“Estou ocupada.”
“Com quê? O dia todo?”
“Sim.”
“Com quê?”
“A fazer coisas.”
“Que coisas?”
“Eh pá, cenas domésticas, estar
com a miúda…”
“ E não tens 5 minutos?”
“Para? Hoje não.”
“Beber café, falarmos…”
“Outro dia, hoje não.”
“Mas nem 5 minutos? Porquê?”
E voltamos ao mesmo. Claro que o
diálogo poderia reduzir-se se eu me alongasse nas explicações, e pronunciasse
um longo ensaio de justificações que satisfariam de imediato o inquérito… Ou
não. Demasiadas explicações puxam outras tantas interrogações, e eu nem percebo
bem porquê!!! Por que raio tenho eu de explicar que não divido o meu tempo com
a miúda nem o troco por quaisquer 5 minutos de conversa que podem perfeitamente
ter lugar noutro dia. Que nenhum assunto é inadiável. Que o mundo continua a
acontecer. Porque me apetece estar ali, com ela, a brincar aos bebés, a
tapá-los e destapá-los com as fraldas trinta e tal vezes seguidas, a fazer os
mesmos puzzles vezes sem conta, ou simplesmente, a olhar para ela. Porque
aqueles 5 minutos não voltam a acontecer da mesma forma… A expressão naqueles
momentos é irrepetível. Inadiável. Imperdível.
É por isto que não… Hoje não
tenho 5 minutos.
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