terça-feira, 10 de março de 2015

Mãe é mãe... e não só.



Leio alguns blogues e artigos sobre as aventuras da maternidade, os sentimentos associados, as dúvidas, o dia-a-dia… Muitos são totalmente dedicados a este tema, tão vasto que permite isto mesmo, blogues de mães para mães, posts sobre tudo e mais alguma coisa… Tudo mesmo. Desde a qualidade das fraldas, que não prestam e deixam escapar o xixi, por conseguinte tem de se trocar a roupa de cama todos os dias que agora no Inverno demora imenso a secar e dá uma trabalheira desgraçada e exige um stock de lençóis considerável, já para não falar dos pijamas. Até às dúvidas sobre o comportamento do bebé, que aos 2 meses chora dia e noite, só adormece ao colo, passa o tempo todo a mamar e não interage com os pais… Há de tudo. E eu não estou a criticar, até porque eu própria tenho dúvidas que não lembram ao Diabo quando algo se passa com a miúda.

Em todos eles, o denominador comum é o amor de mãe infinito e incondicional, 24h por dia, 365 dias por ano, que nasce desde que vemos um pontinho cinzento num ecrã preto, ou a partir do momento em que nos colocam 3 quilos de gente nas mãos, acabadinhos de nascer.
Não é bem assim. Pelo menos comigo, não foi. Eu não nasci para ser mãe. Eu nunca senti o tal apelo da maternidade, nem me deliciava com os bebés dos outros. A decisão de engravidar foi um processo natural, pensado q.b., na altura em que eu achei que me apetecia, e não na altura em que me sentia preparada, porque isso, na verdade, não existe.

Quando me colocaram a MR em cima, toda engelhada, eu chorei de alegria, depois de lhe contar os dedos das mãos e dos pés… Não senti nada parecido com “agora sou mãe” e tudo o que outras mães escrevem sobre isso, que regra geral, se traduz em amor ilimitado e sentimento arrebatador. Lembro-me de ir para o quarto e de olhar para ela ali ao lado e pensar “Aconteceu mesmo. O que é que eu faço agora?”, que é como quem diz, estou em pânico e agora?????
Não me sentia mãe, pelo menos, não sentia aquilo que era suposto e que me tinham dito que ia acontecer… Os primeiros dois meses foram alucinantes. Culpa das hormonas, da privação de sono, do meu corpo ser um biberão com braços e pernas, o que fosse. Mas aquilo para mim… “Isto é que é ser mãe???? Eu não fui feita para isto!!”. Posso afirmar com toda a certeza que a primeira vez que me senti mãe, foi quando a MR me chamou… Olhei-a nos olhos, sorri e respondi que sim, a mãe estava ali. E isto aconteceu perto dos 6 meses de vida dela…

Também se escreve muito sobre os pequenos prazeres das mães… como o tal duche de 3 minutos parece um dia no spa, ou comer os restos que deixam no prato é a única refeição gourmet dos últimos meses… Acontece, mas isso não define o nosso dia-a-dia. Continuo a fazer refeições normais, às horas normais e sentada à mesa acompanhada de um copo de vinho, ou dois... Os meus banhos (diários) demoram pouco mais de 4 ou 5 minutos, é verdade, mas sempre foram assim.
Quando estão doentes, sentimo-nos pequeninas porque desejaríamos estar no lugar deles e evitar todo aquele sofrimento. Mas também me salta a tampa quando ela faz manha porque sabe que tem dói-dói e abusa dos limites!
Não durmo até às tantas, afinal o dia é para se aproveitar, mas ela herdou de mim o gosto pela ronha de manhã e sabe tão bem.

E o meu carro não é uma bandalheira!

Deliro com as descobertas dela, com o sorriso que vai da boca aos olhos, com o toque daquelas mini mãos a fazerem-me um rabo-de-cavalo e a dizer eu estou muita gira, a sério, mãe! E sempre que me chama mãe, eu sinto-me mãe. Mas quando ela não está, nessas alturas, sou só eu, e não a eu-mãe. E gosto muito!

1 comentário:

Anónimo disse...

a nossa MR tem muita sorte em ter-te como mãe

"a mãe dá a mão sempre " <3

Wiwi