Leio alguns blogues e artigos sobre as aventuras da
maternidade, os sentimentos associados, as dúvidas, o dia-a-dia… Muitos são
totalmente dedicados a este tema, tão vasto que permite isto mesmo, blogues de
mães para mães, posts sobre tudo e mais alguma coisa… Tudo mesmo. Desde a
qualidade das fraldas, que não prestam e deixam escapar o xixi, por conseguinte
tem de se trocar a roupa de cama todos os dias que agora no Inverno demora
imenso a secar e dá uma trabalheira desgraçada e exige um stock de lençóis considerável, já para não falar dos pijamas. Até
às dúvidas sobre o comportamento do bebé, que aos 2 meses chora dia e noite, só
adormece ao colo, passa o tempo todo a mamar e não interage com os pais… Há de
tudo. E eu não estou a criticar, até porque eu própria tenho dúvidas que não
lembram ao Diabo quando algo se passa com a miúda.
Em todos eles, o denominador comum é o amor
de mãe infinito e incondicional, 24h por dia, 365 dias por ano, que nasce desde
que vemos um pontinho cinzento num ecrã preto, ou a partir do momento em que
nos colocam 3 quilos de gente nas mãos, acabadinhos de nascer.
Não é bem assim. Pelo menos comigo, não foi. Eu não nasci
para ser mãe. Eu nunca senti o tal apelo da maternidade, nem me deliciava com
os bebés dos outros. A decisão de engravidar foi um processo natural, pensado
q.b., na altura em que eu achei que me apetecia, e não na altura em que me
sentia preparada, porque isso, na verdade, não existe.
Quando me colocaram a MR em cima, toda engelhada, eu chorei
de alegria, depois de lhe contar os dedos das mãos e dos pés… Não senti nada
parecido com “agora sou mãe” e tudo o que outras mães escrevem sobre isso, que
regra geral, se traduz em amor ilimitado e sentimento arrebatador. Lembro-me de
ir para o quarto e de olhar para ela ali ao lado e pensar “Aconteceu mesmo. O
que é que eu faço agora?”, que é como quem diz, estou em pânico e agora?????
Não me sentia mãe, pelo menos, não sentia aquilo que era
suposto e que me tinham dito que ia acontecer… Os primeiros dois meses foram
alucinantes. Culpa das hormonas, da privação de sono, do meu corpo ser um
biberão com braços e pernas, o que fosse. Mas aquilo para mim… “Isto é que é
ser mãe???? Eu não fui feita para isto!!”. Posso afirmar com toda a certeza que
a primeira vez que me senti mãe, foi quando a MR me chamou… Olhei-a nos olhos,
sorri e respondi que sim, a mãe estava ali. E isto aconteceu perto dos 6 meses
de vida dela…
Também se escreve muito sobre os pequenos prazeres das mães…
como o tal duche de 3 minutos parece um dia no spa, ou comer os restos que
deixam no prato é a única refeição gourmet dos últimos meses… Acontece, mas
isso não define o nosso dia-a-dia. Continuo a fazer refeições normais, às horas
normais e sentada à mesa acompanhada de um copo de vinho, ou dois... Os meus
banhos (diários) demoram pouco mais de 4 ou 5 minutos, é verdade, mas sempre
foram assim.
Quando estão doentes, sentimo-nos pequeninas porque
desejaríamos estar no lugar deles e evitar todo aquele sofrimento. Mas também
me salta a tampa quando ela faz manha porque sabe que tem dói-dói e abusa dos
limites!
Não durmo até às tantas, afinal o dia é para se aproveitar,
mas ela herdou de mim o gosto pela ronha de manhã e sabe tão bem.
E o meu carro não é uma bandalheira!
Deliro com as descobertas dela, com o sorriso que vai da
boca aos olhos, com o toque daquelas mini mãos a fazerem-me um rabo-de-cavalo e
a dizer eu estou muita gira, a sério, mãe! E sempre que me chama mãe, eu
sinto-me mãe. Mas quando ela não está, nessas alturas, sou só eu, e não a
eu-mãe. E gosto muito!
1 comentário:
a nossa MR tem muita sorte em ter-te como mãe
"a mãe dá a mão sempre " <3
Wiwi
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