Nota 1: Morar na aldeia tem muitas, mas mesmo muitas vantagens.
Nota 2: Não julgar os vizinhos (ou qualquer outra pessoa) pelas aparências.
Gosto do conceito de bairro, num sítio onde as pessoas dizem bom dia, mesmo sem me conhecerem, só porque nos cruzamos na rua... Onde encontro café, e do bom, a 50 cêntimos e onde ao fim de duas visitas, já me conhecem como se aqui morasse desde sempre. Onde posso ir a pé comprar pão. Ou ter o som do sino da igreja a dar as horas de deitar a pequena.
Sempre gostei de morar em sítios pequenos, em prédios pequenos e tratar os vizinhos por tu. Os meus antigos vizinhos eram (e são) uns porreiros. Não só pediamos açúcar quando faltava, como batatas, natas, ovos, ou levávamos uma fatia de bolo acabado de fazer (neste caso, levavam-me, porque eu a fazer bolos é irreal)... Fazíamos parte das festas de aniversário uns dos outros, churrascos, minis... Tomávamos conta dos bichos uns dos outros... Enfim.
Agora, o cenário é diferente, o que me leva à nota dois. Sendo curta e grossa, os meus actuais vizinhos não primam pela boa aparência mas isso nunca nos impediu de trocar os típicos bom dia e boa tarde... Não julgo ninguém pelo aspecto mas não me venham dizer que não é essa a primeira impressão que têm das pessoas... E os meus vizinhos não têm bom aspecto. Mas são simpáticos. De vez em quando, lá nos encontramos, as mulheres, a estender roupa e a falar do tempo que está bom para secar a roupa e que temos de aproveitar. À minha vizinha de baixo, peço desculpa pelo barulho que fazemos em cima, não só a miúda mas eu também... E ela sorri, não tem um sorriso bonito, mas sorri e diz que não faz mal, que é normal. Preocupo-me com a bebé de baixo, eu também a ouço cá em cima, mas fazer o quê?
Hoje fui surpreendida, pela positiva. Cheguei a casa e tinha novamente o raio da caixa do correio aberta. Estou a abrir a porta de casa quando ouço uma vizinha, outra que também não tem um sorriso bonito, a chamar-me, para me avisar do sucedido e que era perigoso porque às vezes andam uns gandins a ver se sacam os vales da Segurança Social, que eu, por acaso, não recebo... E logo o marido se prontificou a mudar-me a fechadura já amanhã, para eu ficar descansada. Seguiu-se uma surpreendente conversa sobre filhos e um resumo amargo da vida da senhora e do filho que afinal é neto e que ela salvou das mãos da ex-nora, mas que a trata por mãe e não sabe que na verdade é avó, a que se seguiu toda uma série de acontecimentos trágicos. "Mas olhe, para a frente é que é o caminho e fique descansada que amanhã tratamos da caixa do correio".
Nota 3: É isto e ir à janela e ver um casalinho a namorar na rua, ela de mini saia a roçar-se no rapaz e ele de mãos nos bolsos... Pobre rapariga...
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