Numa ida ao parque perto de casa, a MR andava, como sempre, a correr os baloiços, o escorrega, os cavalinhos, com a alegria habitual de uma criança que não pensa em mais nada se não em divertir-se.
Nesse mesmo parque, há um tapete com vários brinquedos, livros, que todos podem usufruir. A certa altura, ela senta-se junto dos outros meninos mais velhos e começa, claro, a brincar... Mas nem todos aceitam a presença da miúda... Primeiro, porque é mais pequena... Segundo, porque começa a mexer nos brinquedos que os outros, de repente, também querem. Pega num carrinho, e vem um miúdo que o tira a dizer "é meu". Vai buscar um pónei, e outra miúda diz "eu estou a brincar com isso" (por acaso não estava...).
A MR ainda não percebe... E fica com aquela cara... de quem não percebe, mesmo, o que se passa... Olha para mim e eu digo para brincar com outros bonecos, com a bola, disfarçando tudo aquilo que me passa pela cabeça naquele preciso momento... Infelizmente, a MR vai desiludir-se, vai sentir-se triste, vai perceber que há crianças parvas, que mais tarde se tornarão, na sua maioria, em adultos parvos.
Felizmente, a sua tenra idade e inocência fazem com que ela vire as costas para voltar ao escorrega, aos baloiços, e esqueça em segundos aqueles miúdos parvos. Mas eu fico a olhar para ela, com os olhos em lágrimas e um aperto no coração com o que tinha acabado de assistir... A minha filha a ser colocada de parte por pares só porque queria brincar com eles.
Eu sei que tudo isto adquire uma maior dimensão porque se trata da minha miúda e por isso mesmo, deu-me vontade de arrancar aqueles brinquedos aos miúdos parvos e dá-los à MR... Controlei a minha raiva de "momzilla" e ao dizer-lhe para brincar com outras coisas, estava também de alguma forma a ensiná-la a desvalorizar aquela triste cena... Que ela ainda não sabe que é triste... Também não sabe o que é desvalorizar. Um dia, eu explico-lhe... Tal como lhe vou explicar que não há nada nem ninguém melhor do que ela... Obviamente, não posso protegê-la de tudo, nem impedir que alguma criança parva lhe diga coisas parvas, ou mesmo que uma miúda com inveja lhe dê uma estalada... Só quero que ela saiba o que fazer... Mesmo que seja responder com outra estalada... Mas nunca, nunca, sentir-se menos do que o tudo que ela é!
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