segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Comentário enviado às 10h30 de hoje para a plataforma "Não Obrigada"

"Tenho, para mim, que a campanha da plataforma "Não Obrigada", excedeu todos os limites do razoável e do aceitável, se é que se pode considerar desta forma qualquer um dos vossos argumentos. São ridículos, desvirtuam o cerne da questão, fazem comparações desprezíveis, procuram fazer com que uma mulher se sinta o pior ser humano do mundo, apelam à beatice. Voto Sim! Há 8 anos, teria votado Sim. Mesmo para quem ainda não decidiu o seu voto, os vossos argumentos não têm essa capacidade de apelar ao voto Não. "Como é possível abortar sabendo que já bate um coração?", "Financiar com dinheiros públicos clínicas da morte"... Mas o que é isto? Fazem-nos de estúpidos insensíveis sem consciência? Eu gostava que cada mulher que defende o Não, que cada mulher que integra o vosso movimento, defendesse cada letra destes argumentos ao saber que estava grávida resultado de uma violação por um desconhecido, do abuso do pai, do padrasto, do irmão, que o feto crescia malformado, sem um braço, sem uma perna. Eu gostava de ver esses homens defensores do Não, apoiar a amante quando esta lhes diz que está grávida, apoiar a amiga da filha que ficou grávida... Os outdoors metem nojo, os vossos debates metem nojo, cada palavra que proferem mete nojo. E a vossa mais recente estratégia é duplamente nojenta. Como se atrevem a escrever nas escadas do metro e na calçada "Cuidado, não me pises, eu só tenho 10 semanas", com um feto pintado no chão? Há que respeitar quem não tem a mesma posição que nós, mas vocês merecem todo o meu desrespeito, toda a minha intolerância, desprezo e nojo. "

4 comentários:

Anónimo disse...

Hoje, fui ao centro de saúde e mal cheguei reparei que as cadeiras da sala de espera estavam diferentes. Ainda ensonado, demorei alguns segundos a perceber que cada cadeira estava ornamentada com um "Não, Obrigado", uma gentil contribuição da Conferência Episcopal Portuguesa.

Anónimo disse...

Resposta da plataforma "Não Obrigada":

Cara Andrea:

Admito que o acalorado das discussões e a insensibilidade aos outros (comum aos partidários do sim e do não) fira os entimentos de alguns de nós de forma grave. Da parte que toca a muitos partidários do Não e sem me querer ou poder substituir à sua responsabilidade pessoal, peço-lhe desculpa.

Quero, contudo, esclarecer que os casos (violação, filho deficiente) que menciona, não são objecto de discussão neste referendo; foram-no, em 1984, quando da 1.ª alteração ao código penal.

Lamento que ao mesmo tempo que diz que há que respeitar quem não tem a mesma posição, afirme que nós lhe merecemos, todo o seu desrespeito, toda a sua intolerância, desprezo e nojo.

Pelo meu lado, procuro respeitar os que têm ideias diferentes das minhas; procuro combater a tentação de intolerância; e forço-me a usar de respeito, a tentar compreender e a não os ofender deliberadamente

Com os meus melhores cumprimentos

Pedro Aguiar Pinto

Anónimo disse...

O meu reply;

"Caro Pedro,

Fiquei extremamente indignada ao ver esta vossa última manifestação. Não acredito que uma mulher, ao decidir abortar, o esteja a fazer de ânimo leve, que seja leviana a esse ponto. É sempre uma decisão difícil, mas tem de ser dada a opção de escolha perante determinados factos. Vocês estão a tratar as mulheres que já fizeram um aborto de uma forma leviana, ninguém mata um ser humano por capricho, ninguém faz um aborto só porque lhe apetece.

Se vos ofendi, também eu me senti ofendida quando me deparei com aquela frase e desenho estampados no chão.

Cumprimentos,
Andrea Santos

Anónimo disse...

Podes enviar este comentário directamente no site deles. Respondem em 5 minutos, mais depressa do que na repartição das finanças.