De há uns anos a esta parte, com a proliferação de super e hipermercados a cada esquina, o hábito de fazermos compras na mercearia do bairro perdeu-se. Fazia-o muitas vezes, quando era miúda e a pedido da minha mãe, com a intenção de me incutir alguma responsabilidade de eu própria fazer as compras lá para casa, e conferir o troco "Que o Sr. António gosta de aldrabar". Hoje, por estar temporariamente sem carro, tive de ir a uma das mercearias (sim, aqui na terra para lá dos moinhos de vento há muitos destes estabelecimentos comerciais) da minha zona residencial. Ao contrário do que tinha imaginado, à minha espera não estava um casal de velhotes que vendem os produtos que eles próprios cultivam, mas sim um casal jovem, na casa dos 30 e poucos, ela mais nova que ele. Peguei em meia dúzia de coisas, ao mesmo tempo que observava cada prateleira. Confesso que demoro muito mais tempo quando vou à mercearia, porque não sei de cor onde estão arrumados os produtos. Não contive o sorriso enquanto descobria, no meio de uma série de produtos ultra-inovadores, aqueles que eu pensava já terem desaparecido de circulação (alguns, pelo menos, se ainda existem, passam-me ao lado no supermercado). Entre eles:
- Detergente REX para lavar a roupa à mão, numa embalagem de cartão em tamanho pequeno com a cara de uma senhora de sorriso rasgado na parte da frente
- Creme Linda, um produto de beleza em forma de pomada que faz milagres à pele das senhoras
- Lápis regenerador, que se coloca nas feridas e estanca o sangue
- Atum Bom Petisco com aquela coisa (não me lembro do nome) que servia para enrolar a tampa da lata
- Molas de madeira, que eu tenho porque a minha mãe as trouxe
- Leite fresco da UCAL que tem de ser fervido e só dura um dia, naqueles pacotes moles
- Desentupidor de sanitas
- Lamparinas a gasolina para quando falta a luz
Atenção: todos os produtos alimentares estavam dentro da validade!
2 comentários:
Achas que têm pasta medicinal COUTO?
Couto e Coito, também! E Denim after-shave!
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