terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Se o Papa disse...

Alguns amigos do facebook partilharam o link de uma afirmação do Papa Francisco, que transcrevo: "Não existem mães solteiras, existem mães. Porque mãe não é um estado civil". Não preciso que o Papa afirme para o saber, mas pode ser que assim, algumas pessoas abram os olhos. Ou não...
A sociedade tem esta necessidade vil de rotular as pessoas. Uma mulher não é só mulher, um homem não é só um homem. Temos de ser sempre mais qualquer coisa.

Sou mãe. Ponto.
Sou mulher. Ponto.
Sou solteira. Ponto.

O estado civil é irrelevante para definir quem quer que seja, e no que a mim diz respeito, não é isso que me define. Nem como mulher, nem como mãe. Porém, o preconceito existe. Ser mãe solteira é ser... a coitadinha. A abandonada, aquela que ninguém quer, porque não há homem que aceite uma mulher com filhos de outro. Porque a mãe solteira é vista ainda como uma gaja desesperada que come qualquer um e que fica com o primeiro que aparecer. Porque tem medo que mais ninguém a queira. Eu já ouvi "Deve haver algum burgesso que te queira." Verdade!
O inverso, um pai solteiro, atrai mulherio com um pau! Alguém que me explique porquê!
A mãe solteira não tem vida social, coitadinha. Está sempre presa ao filho, a sua agenda é limitada... sendo que neste caso, a limitação é o próprio filho. Perguntar a uma mãe se está limitada naquele dia ou fim-de-semana, é só parvo. Alguém que vê o filho de uma mulher desta forma, não merece nem um minuto da sua atenção, um minuto da sua agenda limitada. Já que o tempo é escasso, para quê desperdiçá-lo com parvos?
Já para não falar da sua aparência, descuidada, desleixada, sem brilho, sem amor próprio...
Esta visão redutora de uma mãe, que é, também, mulher, existe... Até no nosso círculo de amizades. As namoradas dos amigos passam a olhar para nós de lado, porque têm receio que os ataquemos... Que sejamos má influência. Têm pena... e medo de nós.
Isto irrita-me. Saberão estas pessoas que, apesar das circunstâncias da vida, continuamos a poder escolher com quem queremos estar e como, independentemente do rótulo mãe solteira? Que não queremos, como nunca quisemos, um qualquer? Muito menos os amigos, que sempre estiveram ali, ao nosso lado, e que se tivesse que acontecer, já o teríamos feito? Que saímos, com amigas, amigos, estamos a par da atualidade e das últimas tendências de moda? Que temos uma vida normal?

Não sou artigo numa prateleira de supermercado para ter rótulo. E o que escrevo não é um desabafo amargo de uma Mãe. Mulher. Solteira. Nem pretende ser uma bandeira das mães (solteiras) unidas na luta contra o mundo! É apenas um texto que tinha aqui "entalado" há algum tempo, para limpar o pó ao blogue!


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