quarta-feira, 8 de julho de 2015

Os avós... essa espécie...

Tenho uma pontinha de inveja dos avós. Com eles, corre tudo bem e é sempre tudo bom.
A sopa da avó é sempre saborosa, cheira bem e eles comem-na sem reclamar. Aliás, toda a comida das avós é saborosa, até o peixe cozido... E não há birras à hora da refeição.
Não há roupas difíceis de passar a ferro ou nódoas impossíveis de lavar. Em cinco minutos, o branco fica imaculado e os vincos dos vestidos desaparecem...
Os avós não ralham. Não dão palmadas. Não dizem "não". Têm toda a paciência do mundo.
E tempo, de qualidade, para estar com os netos.

Por isso, tenho uma pontinha de inveja. 
A minha comida nunca vai ser igual à da avó, que ela repete com satisfação (e eu, também...). 
Por mais que tente, as nódoas persistem lavagem após lavagem, até que a avó trata do assunto. E o saco de roupa que levo para passar a ferro vem sempre impecavelmente sem vincos. 
A minha paciência tem limites... E não tenho travão na mão... Levo com as birras todas. E o tempo não chega para tudo...

Infelizmente, os meus avós não fizeram nada disto comigo. Mas não é por isso que tenho esta pontinha de inveja. Não... eu invejo o que os avós são para os netos e que não foram para os filhos. Estão sempre lá para eles, com todo o tempo do mundo e paciência, a fazer coisas que não fizeram com os filhos, por falta de oportunidade, por falta de tempo... Tempo que agora lhes sobeja e que preenchem com brincadeiras e gargalhadas sempre que podem. Agora percebo quando se diz que os avós não educam... Estragam-nos com mimos. É esta a sua função. 

De cada vez que digo "vamos à avó", é um brilho naqueles olhos e uma felicidade tão grande que fico... com um bocadinho de inveja. Mas é uma inveja boa. Porque sei que há coisas que só os avós podem dar, e ainda bem que a MR as pode receber.




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