quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Éfe-érre-á

Belos tempos aqueles em que a minha vida se resumia a estudar, naquela fase em que não levamos falta se nos baldarmos e nos contentamos com um 12, o equivalente a um 16 no secundário. Hoje, regressei à minha faculdade, porque descobri que tinha o papel para levantar o diploma. E ser licenciada sem emoldurar o diploma no escritório, não é a mesma coisa. Volvidos 5 anos, bora lá levantar aquela relíquia que me custou 100 euros na altura. Apesar de ter passado o último ano nas novas instalações, tudo aquilo me pareceu um admirável mundo novo. E eu parecia uma caloira. Os putos (sim, muitos deles têm menos 9 anos que eu) olhavam-me como uma perfeita estranha, que sou, caída ali de páraquedas. Muitas mudanças: aquilo agora parece-se mesmo com uma faculdade a cheirar a novo, ainda que já tenham passado 6 anos. Mas sem mística, sem o romantismo do Palácio de Burnay, na Junqueira, sem o cheiro das árvores que às sextas-feiras de manhã se misturava com o cheiro a grego, sem aqueles corredores frios de pedra, sem o pátio, sem as escadarias, sem o Chico, o cão racista com olhos de humano, sem a roupa estendida dos porteiros, sem a cúpula que visitei uma única vez. Fria, impessoal. Estes putos nunca vão ter o mesmo espírito que o palácio nos incutia, só de lá entrarmos.
O mesmo funcionário da secretaria, com o mesmo penteado, o mesmo anel de ouro no dedo mindinho, indica-me onde posso levantar o diploma, não sem antes soltar um "Eh pá, este diploma já cheira a mofo." Confesso que me senti feliz com o diploma na mão. Não sei explicar bem porquê. Não cheirava a mofo. Saio do ISCSP debaixo do olhar daqueles putos que para mim, nunca serão verdadeiros iscspianos, por mais anos que lá andem.

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