A mámi faz 60 anos. Podia dizer que é uma mulher de força, de coragem, que passou dificuldades, que teve grandes desgostos, tantos como teve alegrias. Podia dizer também que é a melhor mãe do mundo, que a amo e admiro, e que quando for grande quero ser como ela. Não. A mámi é um ser humano como todos nós, tem as suas fraquezas, os seus defeitos, o feitio torcido, que eu herdei integralmente. Passou por várias dificuldades como tantas outras mães. Passou por um divórcio, teve as dores de cabeça normais de quando se fica sozinha em casa com três filhas, duas adolescentes e uma petiz, ainda. Passou pela descriminação local de ser divorciada. De ser trocada por outra. Nesta minha ainda curta existência, sei que contribuí para algumas dores de cabeça. Mas sei também que lhe dei muita coisa. Que continuo a dar, da mesma forma que continuo a receber. Andamos muitas vezes às turras, resultado do mesmo mau-feitio. Amo-a. Amo-lhe os olhos verdes, como nunca vi iguais. Amo-lhe o cabelo curto sempre despenteado. Amo-lhe o vestir um número de roupa abaixo do meu. Amo-lhe a beleza de chegar aos 60 sem rugas. Amo-lhe quando me repreende e olha para mim, e sabe que já não vale a pena. Amo-lhe quando se vira para mim e diz que eu já estou pior do que ela...
Parabéns, mámi!
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