sábado, 28 de julho de 2007

Béléza!!

Acorda para mais um dia. Mais um, pensa. Levanta-se e arrasta-se até à casa-de-banho. Nem abre os olhos e enfia-se na banheira. Deixa a água quente, quase a ferver, aquecer-lhe o corpo, demasiado até. "E se for só com água quente, será que me queimo? Será que aguento? Será que grito?". Demora-se no duche. Apesar de tudo, gosta da sensação da água a correr-lhe pelo corpo, do arrepio da pele, de se ensaboar com a esponja, tão suave que lhe abraça o corpo disforme... Não sente o volume da barriga nem a flacidez das pernas grossas. Gosta daquela sensação... Todos os dias, este é o único momento de prazer que tem. Quando termina, está envolta numa nuvem de vapor. Limpa o espelho embaciado com a toalha. Olha-se nua com nojo. "Odeio-me e odeio-te! Qualquer dia, mato-te para nunca mais ter de olhar para ti." Passa o body lotion pelos ombros, em movimentos circulares e desce pelo braço. Demora-se nos seios, nos mamilos arrepiados. Passa as mãos entre as pernas, fecha os olhos e sorri. Sorri enquanto se massaja. Encontra-se novamente com o espelho e chora, de raiva, todos os dias antes de sair de casa.

Acorda para mais um dia. Olha para o relógio e espreguiça o corpo delgado, com os braços esticados para trás. Passa as mãos pelos belos seios e pela barriga plana. "Bom dia", diz, sozinha na cama. Levanta-se de um pulo e desfila até à casa-de-banho. Olha-se ao espelho e sorri. Entra na banheira, água morna, nem muito quente, nem muito fria, no ponto. Massaja os cabelos canela com prazer, com um shampôo de volume extra. O gel duche de morangos e champagne escorre-lhe pelos seios, perfeitos, simétricos, agarra-lhe as nádegas redondas, perfeitas, e beija-lhe as pernas até aos pés, esguios, perfeitos. Olha-se ao espelho e sorri. A pele bronzeada reflecte como ouro. "Odeio-te! Achas que consegues ser mais bonita do que eu... Estúpida!! Olha para ti... És pequena demais para mim. Qualquer dia, mato-te!". Apressa-se no body lotion de morangos e champagne. Espalha-o freneticamente com movimentos brutos e chora. De raiva. Olha-se novamente ao espelho, limpa as lágrimas e sorri.

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