O sol começava a aquecer através das vidraças, ao ponto de incomodar o corpo e a vista. Era um típico dia de final de Primavera, já com o Verão a espreitar, ainda tímido. Os jardins estavam floridos, a relva bem verdinha, as abelhas esvoaçavam e os passarinhos cantavam.
O dia de trabalho estava também a começar, da mesma maneira de quase sempre: e-mails, agenda do dia e café.
Estava, portanto, a dar início à jornada de trabalho...
É então que a porta de vidro se abre, aliviando um pouco o incómodo do sol na vista. A figura feminina que acabava de entrar escondeu por completo o resto dos raios de sol, tal era a sombra... O chilrear dos passarinhos deu lugar a uma voz estridente com pronúncia do norte que só não partiu o meu copo de água porque era de plástico. Os jardins floridos e a relva verde deram lugar a um lamaçal tremendo...
"Os condomínios, estamos todos muito aborrecidos... Vocês não fazem nada. Se o jardineiro não faz, têm de fazer, agora assim é que não"... As palavras entravam dolorosamente na minha cabeça, não pelo conteúdo em si mas pelo tom agudo com que eram proferidas...
"As sementes foram semeadas e ainda não cresceram, não é? Demora tempo, sei, mas há duas semanas e nada. E além disso, o jardineiro disse que ia colocar o casquilho e nada ainda. Como é?"
O alarme disparou na minha cabeça. "Casquilho...? Falta colocar iluminação no jardim...?"
"Não é esse, é o casquilho castanho para pôr em cima da relva"...
Foi um belo dia de final de Primavera...
terça-feira, 6 de setembro de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Podia acontecer-te!
Fala-se, com algum fervor.
Escreve-se e lê-se, na televisão, em todos jornais, revistas, folhetins e afins.
Tem defensores, opositores e abstencionistas.
Falo pois, do novo acordo ortográfico, que de acordo, para mim, não tem nada. Desde quando uma imposição é um acordo? Serei uma das opositoras até ao fim, até à última letra. Acabarei vencida, mas não sem dar luta.
Dramas à parte...
A linguística bem pode investigar mas há fenómenos que ultrapassam todos os especialistas. Sem explicação possível. Desde que me iniciei nesta aventura profissional, tenho enriquecido muito o meu vocabulário. O que é fantástico, monotonia verbal é coisa que por aqui não abunda. Neste admirável mundo novo constante que é a minha vida, deparo-me, não poucas vezes ao dia, com pequenos tesourinhos linguísticos, que nenhum acordo ortográfico previu. Ou vai prever...
É então que percebo. De facto, estamos sempre a aprender. E nada mais há a dizer, quando lidamos com condemónios!
Escreve-se e lê-se, na televisão, em todos jornais, revistas, folhetins e afins.
Tem defensores, opositores e abstencionistas.
Falo pois, do novo acordo ortográfico, que de acordo, para mim, não tem nada. Desde quando uma imposição é um acordo? Serei uma das opositoras até ao fim, até à última letra. Acabarei vencida, mas não sem dar luta.
Dramas à parte...
A linguística bem pode investigar mas há fenómenos que ultrapassam todos os especialistas. Sem explicação possível. Desde que me iniciei nesta aventura profissional, tenho enriquecido muito o meu vocabulário. O que é fantástico, monotonia verbal é coisa que por aqui não abunda. Neste admirável mundo novo constante que é a minha vida, deparo-me, não poucas vezes ao dia, com pequenos tesourinhos linguísticos, que nenhum acordo ortográfico previu. Ou vai prever...
É então que percebo. De facto, estamos sempre a aprender. E nada mais há a dizer, quando lidamos com condemónios!
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Ensaio sobre a mudança
Um dia, tudo muda. Ou procuramos a mudança ou a vida encarrega-se de o fazer. Não acredito no acaso, por isso, acho que o meu hoje é fruto daquelas duas. Conheço demasiadas coincidências para ser apologista dos meros acasos.
Em determinado momento, olhei para as opções que tinha à minha frente. Não eram assim tantas, o que tornou a escolha mais fácil. Senti que o caminho a percorrer era aquele. Deixei-me de tretas e abandonei a ilusão, o status. Mandei para trás das costas os comentários menos encorajadores, alguns mesmo nada. Peguei o touro pelos cornos, como se costuma dizer, tal como já havia feito antes. Nunca me dei mal, pelo menos, senti que era o que tinha de ser feito na altura. Também não sou apologista da vida acomodada, do "é assim porque tem de ser". Há coisa pior do que estarmos num sítio ou fazermos alguma coisa só porque sim? Só porque é suposto?
Pois bem... aqui estou, de pé, a olhar a vida de frente. Sem tempo para lamúrias, queixumes e afins.
Se alguma coisa não está bem, façam com que esteja. Se não, a vida encarregar-se-á de o fazer... e nem sempre as coisas correm pelo caminho que queremos...