segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Regresso às aulas

A maioria das pessoas faz o balanço do ano no 31 de Dezembro. As promessas cumpridas, as que ficaram pelo caminho, o que ganhou, perdeu, o que podia ter feito de outra forma... o costume. A maioria das pessoas começa o ano a 1 de Janeiro. Claro, todos começamos, no calendário (obviamente), mas falo do início de ano a outro nível.
Para mim, o meu aniversário é a altura de balanço. Afinal, é mais um ano de vida, mais uma ruga, mais um cabelo branco e considero fazer mais sentido analisar o que foi o meu ano nesta ocasião. Depois, vem Setembro, o mês do regresso às aulas, às rotinas, onde se queimam os últimos cartuchos do Verão e das férias. O mês dos começos e dos recomeços. Para mim, desde cedo, é neste mês que o meu ano civil começa. É estranho, eu sei, mas eu também não sou nada normal.
Setembro tem sido também o mês em que várias coisas acontecem na minha vida... Começos... Recomeços... Mudei sete vezes de trabalho e destas, cinco foram em Setembro. Tive a minha primeira aula de condução no fatídico 11 de Setembro de 2001... Fiz viagens especiais em alguns Setembros... E num dos últimos Setembros, tive "A" mudança... Casa, trabalho, primeira vez da minha filha na creche. Costumo dizer, em modo de brincadeira, que se aguentei aquele Setembro, aguento todos os outros que estão para vir.
Não tenho previsto nada de especial para este Setembro (com os imprevistos não se pode contar), mas sinto aquela necessidade de mudar alguma coisa, de fazer algo novo, comprar uma coisa nova ou, simplesmente, ter um fim-de-semana diferente, ir a uma praia onde nunca fui... Chega Setembro e sinto esta necessidade.
Posto isto, e porque não vislumbro nada assim transcendente para as semanas que restam, acho que me fico só por uma almofada do novo catálogo do Ikea... Ou uns botins da nova estação... Ou qualquer coisa nova...Ou voltar a escrever neste blogue que só os da casa seguem...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Um dia vamos à neve... E fomos.

Desde que começou a febre da Frozen e as perguntas sobre o gelo e a neve, disse à MR: "Um dia vamos fazer um castelo na neve e um Olaf."
Os dias e semanas foram passando e eu sempre a pensar nisto e na logística envolvida. Fazer uma viagem grande sozinha com a MR... a primeira. Não ter um carro moderno para me dar a segurança de andar nas estradas com gelo... E, claro, os custos envolvidos a dividir por uma.
Numa das últimas sessões de Frozen lá em casa, disse-lhe: "Vamos à neve no Dia da Mãe." Eu fiquei entusiasmada e ela também. "Temos de levar uma cenoura para fazer o nariz do Olaf." Checked. "E eu vou levar o meu vestido de princesa no gelo". Isso é que não... "Mas podes levar as tuas galochas..." Pronto, assunto resolvido.
Além do entusiasmo, estava também ansiosa e receosa. Eu... Quem me conhece sabe que não sou de fazer planos mas neste caso, tinha mesmo de planear a coisa... Pelo menos, o hotel...
Fomos na altura certa. Dias de sol, já com calor e ainda os restinhos de neve. A viagem de carro correu muito bem. Fui sem pressas, sem horários, havemos de lá chegar. Parámos várias vezes, fizemos um piquenique... Pensei que a MR adormecesse depois de almoço mas foi sempre acordada, a falar comigo, distraída a olhar pela janela, a brincar com qualquer coisa... Quando lá chegámos, disse-lhe: "MR, será que ainda há neve? Eu não vejo nada..." Confesso que estava a ficar um bocadinho ansiosa porque poderia já não haver neve... "Vamos à procura", disse ela. Fomos directas à Torre. Neve!!!!!!!!!!!!!! Palmas, saltinhos e aquele sorriso que vale tudo!
A neve é pouca e já não é neve, é gelo, mas deu para tudo! MR estava tão contente e eu também!!! Escorregámos no trenó, atirámos neve uma à outra e fizemos uma espécie de Olaf... Eu não levei luvas para mim e estava a ser difícil cozinhar ali qualquer coisa... Um senhor emprestou-me as luvas e pronto, assunto resolvido. MR colocou a cenoura... Missão cumprida.
No dia seguinte, voltámos à neve. No caminho de Manteigas para a Torre, parei algumas vezes para tirar fotos, mostrar-lhe as quedas de água, a montanha, a paisagem... Eu estava deslumbrada com a Serra, linda sem neve. Senti-me renovada... MR queria ver e brincar na neve. Eu queria sair da rotina, ir para qualquer lado com ela. Estava a precisar de passar por esta experiência... a nossa primeira grande viagem!
Faltam-me as palavras para descrever tudo o que senti. Só conseguia respirar fundo e sorrir... perder o olhar no que me rodeava... Emocionei-me com tudo (sim, de vez em quando acontece-me...). Com a nossa viagem, com a alegria da MR e com a minha, também. Feliz, foi como me senti.
Claro que houve algumas birrinhas... Mas isso há sempre, com ou sem neve...


quinta-feira, 24 de março de 2016

Jejum

Chegámos ao ponto em que só os vegans e vegetarianos têm direito a gostar e defender os animais. Todos os dias sou bombardeada com fotos e textos de quem aboliu todos os produtos de origem animal da sua alimentação, como que a atirarem-me à cara "Eu sou melhor do que tu porque não dou festinhas a uns e meto os outros no prato."
Estou farta disto. Assumo que como carne, peixe, queijo e muitos outros derivados de animais... Adoro um belo bitoque com ovo estrelado! Uma bifana no pão! Os hambúrgueres do Honorato!!! Polvo à lagareiro! Bacalhau com grão! Uma bela mariscada! Eh pá tanta coisa... Mas isto não invalida que seja contra touradas, um espectáculo deprimente e sem beleza alguma. Que abomine circo com animais, sejam eles quais forem. Que chore e me doa o coração (literalmente) ao ver vídeos de resgate de cães e gatos mal tratados, lutas de cães (só na segunda tentativa é que consegui ver o "Amor Cão" e mesmo assim, virei a cara), ou as tradicionais e imbecis caça às baleias e golfinhos...
Mesmo dentro da minha cadeia alimentar, excluo algumas carnes... Não consigo comer coelho, porque imagino o pelinho fofinho... O leitão é e sempre será o Porquinho Babe! Os borregos são a Ovelha Choné... e os cavalos são... inimagináveis em qualquer prato.
Pode parecer um contra senso, e se calhar até é... mas eu assumo estas incoerências. E assumo que não ser vegetariana / vegan é uma opção, sem qualquer justificativo mirabolante. Não sou porque não quero. Tenho essa opção. Assim como quem é, fez uma escolha, que eu respeito. Mas parece que depois deixa de haver respeito por quem não opta pelo mesmo. Eu, que como um bitoque, bebo leite, devoro queijo e adoro caracóis (estão quase a chegar!!!), sou uma assassina, a quem não é permitido gostar de cães, gatos e afins. Os outros são os melhores do mundo.

Pois bem. Eu desafio-vos,vegetarianos e vegans, a serem coerentes já que a minha incoerência é inaceitável aos vossos olhos. Vejam as etiquetas da vossa roupa. Feita onde? Com que materiais? Com que tipo de mão-de-obra? E os vossos smartphones? Feitos onde? China? Então mas não é lá que fazem aquela matança de cães para venderem a carne? Já para não falar das condições desumanas dos trabalhadores, exploração de mão-de-obra infantil, não só na China como noutros países, de onde vem a maioria da roupa que vestimos. Hmmm...
Se é para levar isto ao extremo e ser coerente, que seja com tudo! Até com os amigos. Se comes um naco na pedra ou mesmo uma dourada grelhada, desamigo-te!

Agora não me chateiem, porque no mesmo dia partilho uma foto de um daqueles hambúrgueres deliciosos do Honorato e a seguir um vídeo fofinho de cães e gatos...



terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Se o Papa disse...

Alguns amigos do facebook partilharam o link de uma afirmação do Papa Francisco, que transcrevo: "Não existem mães solteiras, existem mães. Porque mãe não é um estado civil". Não preciso que o Papa afirme para o saber, mas pode ser que assim, algumas pessoas abram os olhos. Ou não...
A sociedade tem esta necessidade vil de rotular as pessoas. Uma mulher não é só mulher, um homem não é só um homem. Temos de ser sempre mais qualquer coisa.

Sou mãe. Ponto.
Sou mulher. Ponto.
Sou solteira. Ponto.

O estado civil é irrelevante para definir quem quer que seja, e no que a mim diz respeito, não é isso que me define. Nem como mulher, nem como mãe. Porém, o preconceito existe. Ser mãe solteira é ser... a coitadinha. A abandonada, aquela que ninguém quer, porque não há homem que aceite uma mulher com filhos de outro. Porque a mãe solteira é vista ainda como uma gaja desesperada que come qualquer um e que fica com o primeiro que aparecer. Porque tem medo que mais ninguém a queira. Eu já ouvi "Deve haver algum burgesso que te queira." Verdade!
O inverso, um pai solteiro, atrai mulherio com um pau! Alguém que me explique porquê!
A mãe solteira não tem vida social, coitadinha. Está sempre presa ao filho, a sua agenda é limitada... sendo que neste caso, a limitação é o próprio filho. Perguntar a uma mãe se está limitada naquele dia ou fim-de-semana, é só parvo. Alguém que vê o filho de uma mulher desta forma, não merece nem um minuto da sua atenção, um minuto da sua agenda limitada. Já que o tempo é escasso, para quê desperdiçá-lo com parvos?
Já para não falar da sua aparência, descuidada, desleixada, sem brilho, sem amor próprio...
Esta visão redutora de uma mãe, que é, também, mulher, existe... Até no nosso círculo de amizades. As namoradas dos amigos passam a olhar para nós de lado, porque têm receio que os ataquemos... Que sejamos má influência. Têm pena... e medo de nós.
Isto irrita-me. Saberão estas pessoas que, apesar das circunstâncias da vida, continuamos a poder escolher com quem queremos estar e como, independentemente do rótulo mãe solteira? Que não queremos, como nunca quisemos, um qualquer? Muito menos os amigos, que sempre estiveram ali, ao nosso lado, e que se tivesse que acontecer, já o teríamos feito? Que saímos, com amigas, amigos, estamos a par da atualidade e das últimas tendências de moda? Que temos uma vida normal?

Não sou artigo numa prateleira de supermercado para ter rótulo. E o que escrevo não é um desabafo amargo de uma Mãe. Mulher. Solteira. Nem pretende ser uma bandeira das mães (solteiras) unidas na luta contra o mundo! É apenas um texto que tinha aqui "entalado" há algum tempo, para limpar o pó ao blogue!


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O lado negro do varão

Quando se fala em pole dance ou dança do varão, a primeira coisa que nos vem à cabeça é mulheres a fazer striptease e a dançar agarradas ao ferro. Esta imagem não é falsa mas pensar assim, é tão redutor como achar que para se ser modelo, basta fazer beicinho para as fotos com o cabelo despenteado...
Sou curiosa por natureza e quando me lançaram o desafio de fazer uma aula experimental, aceitei. Alguma pesquisa na net e percebi que há várias academias de dança com esta modalidade e que até se fazem campeonatos mundiais de pole dance... 
Primeiro impacto quando lá cheguei... Há homens a fazer isto... e não são gays.
Segundo impacto... As alunas não são todas boazonas nem magras, o que me fez sentir um bocadinho mais à vontade. Mais tarde percebi que é importante ter alguma "carne" nas pernas para conseguir segurar o varão.
E lá estava eu, de frente para a parede espelhada e com o varão na mão... Terceiro impacto... Ahhh, isto (o varão) roda... O que me levou de imediato ao quarto impacto... Wow, alguém que pare isto, please??? A primeira vez que rodei no varão, tive a sensação de andar num carrossel e fiquei tonta. Tudo normal, explicaram-me. Foi aí que eu tive noção que para se fazer umas coisas giras no varão, é preciso treino. Prender a perna ao varão, rodar e cair de joelhos num movimento de dança não é só isto... É ficar com os joelhos negros (disseram-me depois que é essencial levar joelheiras), as pernas com marcas e até, em alguns casos, calos nas mãos.
Olhei para o lado e os alunos mais avançados estavam de cabeça para baixo e a gritar enquanto ficavam suspensos. Mas aquilo dói assim tanto? Oh se dói!!! Aqueles movimentos artísticos em que as meninas ficam só com as pernas no varão e largam as mãos para tirar o soutien... São precisas algumas assaduras na pele e dores nas costelas para os conseguirem fazer. 
À medida que a aula avançava, eu só pensava... mas como é que elas conseguem fazer aquilo tudo? É que parece relativamente fácil mas está longe de o ser. Terminei a experiência a conseguir fazer alguns movimentos básicos mas sem aquele glamour que imaginava
No dia seguinte, acordei colada à cama... Dores por todo o lado, em músculos que eu desconhecia ter até então. Quando finalmente consegui sentar-me, tinha os joelhos negros... e as canelas numa lástima... E eu só pensava... Como?
Verdade seja dita... depois daquela aula, passei a dar mais valor às meninas que dançam no varão para ganhar a vida... Muitas (é um facto) não fazem quase nada a não ser esfregar o rabinho no varão e dar uma voltinha de perna no ar... Mas ainda assim... é de valor... 


domingo, 23 de agosto de 2015

Os teus três e a vida toda pela frente

Faltam-me as palavras. Não é que não tenha nada para dizer mas as palavras não chegam para o tudo que és. Para mim e para o mundo que tens à tua frente.
És linda. As mães dizem sempre isso dos filhos mas tu és mesmo. Quando sorris, quando choras... Às vezes fico a olhar para ti enquanto dormes...
Os teus olhos falam. Tu ainda não sabes disso. Falas tudo mas por vezes, só o teu olhar é suficiente. Um dia alguém, para além da tua mãe, vai dizer-te que tens o olhar mais bonito de sempre. E vai apaixonar-se.
Já queres fazer tudo sozinha. Escolhes a tua roupa, ainda sem saberes o que combina mas eu garanto-te que tudo te fica bem.
Adoras ir às compras!
És teimosa. Oh se és! No fundo eu gosto que sejas, mesmo quando isso me tira do sério.
Amo-te, ainda que isto me pareça redutor para tudo o que sinto. Pode parecer impossivel mas eu sinto mais. Ainda não sabes mas fazes-me tanta companhia... Nestes últimos tempos foste tu que me deste a mão, e estiveste sempre ao meu lado.
Também não sabes mas és a minha pessoa...
Queres ser a mãe quando fores grande, já mo disseste. Isso deixa-me feliz e assustada. Eu quero que tu sejas tu... Com todos os teus defeitos e qualidades.
Estarei sempre aqui, para te dar a mão quando tiveres medo, quando estiveres triste ou só porque sim. É este o nosso pacto...
Parabéns minha filha.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Não é só a Sia que tem um "Elastic Heart"

Nós, mães, temos um coração elástico. Estica cheio de alegria, de orgulho, de sorrisos, de descobertas. Encolhe com o choro, com o dói-dói e com aquela sensação de não os podermos proteger de tudo. Mas não se parte, não se desfaz em pedacinhos porque o coração de mãe é assim mesmo, elástico.
Por estes dias, o meu coração tem andado encolhido, apertado... Quando a MR fica doente, eu percebo o quanto prefiro as birras e o mau feitio (que até tem a sua piada), a vê-la assim, murchinha. Os olhos pedem colinho... Sim, porque os seus olhos falam, sorriem e choram. Dizem tudo o que eu preciso de saber. O que sei é que basta um sorriso, um "olha mãe, já passou o dói-dói, vamos comprar o Mickey?", o brilho de volta nos olhos, para o meu coração voltar a esticar.
E voltar a encolher, quando chego a casa sem o furacão... Quando arrumo os brinquedos e ela não está lá para os desarrumar novamente... Quando não tenho que me sentar no chão sem almofada e aguentar o desconforto...
Depois ouço a voz dela, à distância de um telefonema, e o meu coração estica e encolhe, estica e encolhe... Por saber que está bem e feliz, apesar de não ser comigo...

Ai coração de mãe, é bom que dures muitos anos neste estica e encolhe!